Reino Unido poderá restringir uso da Huawei nas redes móveis

Foto: Divulgação

Nesta terça-feira, 28, o governo do Reino Unido baterá o martelo sobre o caso de equipamentos da Huawei em suas redes móveis de 5G. A nação já vetou desde maio de 2018 o uso dos equipamentos de outra chinesa, a ZTE. Esta política demonstraria reticência das autoridades do Reino Unido perante o suposto risco dos equipamentos da chinesa, ou ao menos um alinhamento maior com a política dos Estados Unidos.

Segundo a Strand Consult, é possível que o Reino Unido limite o uso da Huawei à rede de acesso (RAN) provavelmente de 30% a 40% do equipamento ativo, limitando o mercado para a empresa e afastando a atuação em core de rede. Isso também significa que as operadoras do Reino Unido terão que priorizar as atualizações de rede na parte ocidental da nação, onde os equipamentos da Huawei são amplamente implantados. "Em termos práticos, não será possível para um operador usar a Huawei em mais de 30% a 40% do equipamento e, em seguida, usar outro produto da Huawei para o restante da rede ou parte dele. O objetivo da política é limitar o equipamento de entidades chinesas de propriedade e/ou afiliadas, mesmo que não esteja explicitamente escrito", diz a consultoria em sua análise.

O uso dos

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equipamentos Huawei será expressamente proibido em áreas geográficas sensíveisno Reino Unido, áreas selecionadas por razões de segurança nacional. "De fato,isso já é praticado na França, onde os equipamentos da Huawei são restritos emToulouse, sede da Airbus e da indústria aeroespacial europeia. Existe umapolítica semelhante para Brest, onde estão localizados os submarinos nuclearesfranceses", enfatiza a consultoria.

No geral, a política do Reino Unido pode significar um forte sinal ao resto da Europa e do mundo de que o uso de equipamentos chineses representaria um risco à segurança e deve ser limitado. Segundos os especialistas da consultoria, as decisões do Reino Unido e da França foram desenvolvidas para proteger indústrias, instituições e ativos de importância nacional em áreas geográficas específicas. Porém, há questões políticas envolvidas na decisão, especialmente com o alinhamento conservador do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, com a administração Donald Trump.

Estados Unidos

O modelo dos EUA restringe seus militares de usarHuawei e ZTE, independentemente da localização. Além disso, a Federal CommunicationsCommission (FCC) proíbe o uso de seus subsídios para a compra de equipamentosHuawei e ZTE e está considerando o requisito de remoção de equipamentos Huaweipara futuros subsídios.

A política dos EUA ainda restringe as empresas americanas a realizar negócios com a Huawei para tecnologias sensíveis. As operadoras de telecomunicações dos EUA optaram em grande parte não pela Huawei ou pela ZTE, exceto por algumas exceções, como provedores regionais. "A pressão para restringir a Huawei das redes de telecomunicações não é impulsionada pelos governos, mas pelas muitas empresas que sofreram hackers, roubo de IP ou espionagem", alega a Strand Consult na sua análise. Acontece que há uma pressão inclusive do próprio Trump. Além disso, a companhia chinesa já se defendeu dessas acusações negando os ilícitos, mas ironizando os recentes casos de espionagem do governo norte-americano.

Notavelmente, o equipamento 2G/3G/4G deve ser substituído de qualquer maneira no movimento em direção ao 5G. A consultoria coloca que a Huawei não é o único fornecedor, e que as alternativas são competitivas em preço. A consultoria alega ainda que a Huawei não é necessária para o 5G; "de fato, os EUA assumiram uma posição de liderança no 5G sem usar equipamentos da Huawei", afirma. A realidade pode ser diferente em outros países, especialmente em desenvolvimento, como no caso do Brasil.

A análise da Strand Consult mostra que os termos e custos associados à obtenção de licenças e arrendamento de terrenos para torres e torres móveis são extremamente caros. No Reino Unido, as operadoras tentam, há muitos anos e com sucesso limitado, alterar os termos e regras que aumentam esses custos.

"A Huawei provavelmente alegará que a decisão do Reino Unido não prejudica suas perspectivas. Provavelmente é para salvar a cara. O fato é que a Huawei estará sujeita a maiores restrições e não poderá aumentar sua participação de mercado. Além disso, não há alterações na proibição da outra chinesa ZTE. O Reino Unido deixa claro que o equipamento chinês não é permitido na rede principal. Além disso, quando se trata de RAN, também existem limitações estritas", finaliza a Strand Consult na sua análise. (Colaborou Bruno do Amaral)

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