TCU suspende licitação do SGDC; cronograma de operação do satélite pode ser prejudicado

(Atualizada em 27/07/2016 às 8:30)A Telebras está com dificuldade de fechar uma parte importantíssima do projeto do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação (SGDC), e corre o risco de ver o cronograma do projeto atrasado. Trata-se da licitação dos equipamentos que são utilizados em terra nas estações de controle e operação do satélite. Desde o ano passado a Telebras tenta contratar as antenas V-Sat (terminais de usuário) e os gateways que servirão ao projeto. São equipamentos essenciais para a recepção e transmissão dos sinais e controle do tráfego de dados, já que o serviço do SGDC é para banda larga via satélite. No último dia 21 de julho, o TCU, em decisão cautelar do ministro Bruno Dantas, suspendeu a licitação. O tribunal de Contas quer que sejam realizadas oitivas e diligências junto à Telebrás e junto a dois dos proponentes das licitações, a EMC e a Advantech. Esses procedimentos deverão ocorrer no prazo de 15 dias úteis a partir da notificação do TCU à Telebrás. Procurada, a estatal disse por meio de sua assessoria que está levantando as informações necessárias para encaminhar ao TCU e que não se pronunciará antes disso.

A decisão do tribunal de contas tem dois vetores: ela parte de uma denúncia de uma empresa (não é dito quem seja, mas especula-se no mercado que seja algum fornecedor interessado na licitação), que acusa a Telebras de ter aberto uma licitação no final do ano passado, cancelado o certame e logo em seguida feito nova licitação, estando o anterior ainda em fase de recursos. O outro vetor da denúncia diz respeito ao fato de o presidente de uma das concorrentes (EMC) ser ex-funcionário da Telebras, o que caracterizaria conflito de interesses. Com base nesses fatos denunciados, a área técnica do TCU entendeu que havia efetivamente indícios de graves irregularidades que justificariam a cautelar, acolhida pelo ministro Bruno Dantas.

Vale notar que antes mesmo da cautelar, no dia 13 de junho deste ano, o conselho de administração da Telebras já havia determinado à estatal, a pedido do ministro Gilberto Kassab, o adiamento do resultado da licitação. Na ocasião, o então presidente da Telebras, Jorge Bittar, alertou os conselheiros "para a exiguidade dos prazos para a aquisição das gateways e VSATs em face ao cronograma de lançamento do SGDC", conforme ficou registrado em ata da reunião extraordinária 169 do conselho de administração. Segundo fontes de mercado, a instalação e configuração das gateways leva normalmente de 12 a 18 meses. Considerando que o satélite sobe em janeiro e estará em fase operacional em um período de dois a três meses (entre abril e maio), a Telebras terá dificuldades de colocar o equipamento em operação com instalações e equipamentos próprios caso o processo de compra dos gateways e VSATs não seja concluído ainda este mês. Será obrigada a recorrer a terceiros.

Notícias relacionadas

Licitação complicada

O problema, evidenciado agora com essa decisão do TCU, vem na verdade do ano passado. Conforme já havia sido adiantado por este noticiário, o primeiro leilão realizado em dezembro teve um problema que já preocupava a Telebras na época: uma proposta evidentemente inviável. O valor máximo previsto para o leilão era, segundo estimativas de mercado na época, de R$ 150 milhões, mas uma das propostas vencedoras (da EMC) era de menos de R$ 2 milhões, e no outro lote, vencido pela Advantech, era de R$ 53 milhões, o que gerou a suspeita de que as propostas não poderiam ser cumpridas. Havia dúvidas, segundo fontes da estatal ouvidas à época, se os vencedores estavam fazendo corretamente o cálculo dos impostos e se não estavam pretendendo incluir, posteriormente, itens não calculados na primeira proposta. E, de fato, logo após o resultado, a Advantech, segundo relato do TCU, pediu reajuste nos valores, o que não foi aceito pela Telebras. A empresa foi então desqualificada, e a EMC, que tinha o segundo lance, não manifestou seu interesse ou desinteresse em assumir a proposta. A terceira proposta, segundo documentos da licitação da época, foi feita pela Gilat, que havia apresentado um valor bem mais alto. Não se sabe se a Telebras convidou a Gilat para fazer uma oferta ou se a empresa desistiu antes.

No começo desse ano foi aberta uma nova licitação, mas sem que a Telebras desclassificasse as duas empresas que venceram o primeiro leilão mas não efetivaram as propostas. Esse é um dos fatos questionados junto ao TCU. Aparentemente, a empresa denunciante não queria ter que concorrer com as duas outras empresas novamente. E, de fato, a vencedora da segunda licitação, mais uma vez, foi a EMC, mas agora com propostas bem maiores, de R$ 86 milhões e R$ 329 milhões (de novo, segundo informações do despacho do TCU). O resultado desta segunda licitação não chegou a ser oficializado.

Diligências

A cautelar do TCU determina agora que a Telebras se pronuncie em 15 dias, assim como sejam ouvidas as empresas EMC e Advantech. O TCU quer entender o regime de contratação; as razões pelas quais as empresas que venceram a primeira licitação se recusaram a assinar as propostas e os procedimentos da estatais diante desta recusa; o motivo de ter sido iniciada uma nova licitação sem a conclusão de todos os recursos da primeira licitação; se as propostas da EMC e da Advantech era exequíveis; as diferenças entre as duas licitações; os orçamentos sigilosos para as licitações entre outras informações. O despacho do TCU está disponível aqui: 021.069-2016-6 – despacho min BD – cautelar Telebras

5 COMENTÁRIOS

  1. Parece que as informações não batem com as informações da Folha e do Antagonista. Eles dizem que só uma empresa ganhou a licitação neste ano e a publicação da Telebrás do ano passado dizia que a EMC havia ganho por menos de 2MM e a Advantech por 53 milhões e não como você publica aqui.

  2. "O outro vetor da denúncia diz respeito ao fato de o presidente de uma das concorrentes (EMC) ser ex-funcionário da Telebras, o que caracterizaria conflito de interesses".

    Acho importante enfatizar de que o cargo dele na Telebras era de assessor da presidência da empresa, e que ocupou o cargo até 01/out/15, sendo que a primeira licitação aconteceu em dez/15 (e a EMC venceu nas duas).

  3. Aí não tem só dedo, tem a mão inteira da quadrilha do PT. Tem que refazer tudo que esses bandidos colocaram a mão.
    Fora comunistas!

Deixe um comentário para Samuel Possebon Cancelar resposta

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!