Brasil tem índice de habilidades digitais abaixo da média na América Latina

consultora em habilidades digitais do BID, Maribel Dalio, durante o Seminário de Conectividade Significativa. Foto: Reprodução/Anatel

Com base em dados da União Internacional de Telecomunicações (UIT), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) realizou um levantamento sobre letramento digital e constatou que a América Latina ainda tem um longo caminho a percorrer. Conforme dados apresentados pela consultora em habilidades digitais do BID, Maribel Dalio, durante o Seminário de Conectividade Significativa, realizado pela Anatel e pelo BID em Brasília nesta quarta, 26, o Brasil está até abaixo da média da região.

Em habilidades digitais básicas, a média dos estados membros da OCDE é de pouco mais de 64% da população economicamente ativa, enquanto na América Latina, este índice cai em média para 29,12%. No Brasil, este percentual é de 24,4%. "A pergunta sobre habilidades digitais básicas inclui se a pessoa sabe mandar um anexo por email", explica Dalio. 

Para as habilidades consideradas intermediárias, exige-se que a pessoa saiba "usar uma fórmula aritmética básica" em um programa de planilhas como o Microsoft Excel. Neste caso, a OCDE tem média 39,75%, com a América Latina chegando a 21,7%. Já o Brasil apresentava índice de 11,31%

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Os objetivos de universalidade para 2030, diz a consultora do BID, é que o mundo chegue a 70% da população com mais de 15 anos com habilidades digitais básicas, e metade com habilidades intermediárias. Além disso, espera que haja a promoção da paridade de gênero para uso de Internet, propriedade e uso de celulares. 

No programa de informação para todos (Information for All People – IFAP), da Unesco, há a previsão do componente de multilinguismo. "Para nós, é fundamental porque é garantia de direitos, acreditamos que a Internet tem que ser poliglota", afirma o coordenador do setor de comunicação e informação do órgão, Adauto Soares. Ele cita iniciativa com a fabricante de celulares Motorola, que incorporou duas línguas indígenas, com um dos casos no escritório no Brasil. "Realmente, foi um impacto muito grande. No caso de línguas indígenas no mundo, nenhuma empresa tinha, e a Motorola veio e implantou."

Educação

Cristieni Castilhos, CEO da MegaEdu. Foto: Reprodução/Anatel

CEO da MegaEdu, Cristieni Castilhos constatou que a falta de habilidade digital ainda é uma realidade no País. "É interessante essa pergunta [do BID] sobre anexo em email. Pelo fato de ter acesso, é óbvio que o aluno [de escola particular] está muito preparado. Mas em escola pública, estamos falando de cartolina e giz. É um abismo grande", declara. "Infelizmente, no Brasil, mais de 60% das escolas têm, no máximo, dois a três computadores."

Castilhos resgata a fala do secretário de telecomunicações, Maximiliano Martinhão, de que é preciso envolvimento de secretarias de educação dos estados e municípios para promover ações coordenadas. "Precisa formar professor para o uso guiado, é um debate pedagógico", diz. Além disso, lembra da necessidade de disponibilidade da conectividade significativa. "Hoje, só 10% das escolas têm acesso à Internet com padrão adequado. Do que adianta ter acesso se não é adequado?", questiona

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