Discussão sobre habilidades digitais precisa estar em conceito mais amplo, alertam especialistas

Daniela Costa e Nathalia Foditsch no Seminário de Conectividade Significativa. Foto: Reprodução/Anatel

A falta de habilidade digital não é uma condição apenas para quem está desconectado, e esse gargalo precisa ser abordado de uma forma mais abrangente e não segmentada das políticas de infraestrutura e acesso, conforme explicaram especialistas no último painel do primeiro dia do Seminário Conectividade Significativa: Um Novo Desafio para o Brasil, promovido pela Anatel e pelo BID nesta terça, 25, em Brasília.

"A gente precisa parar de separar os temas: as habilidades digitais estão em qualquer tipo de inclusão digital. E as discussões sobre infraestrutura estão em uma caixinha, e as de habilidades em outra, e o tema deveria perpassar qualquer um desses debates", afirmou a advogada Nathalia Foditsch. Especialista no assunto, ela foi uma das precursoras no conceito de conectividade significativa, ainda em 2020

Para Foditsch, as discussões precisam incorporar o papel complementar das habilidades, incluindo também outros atores. Por exemplo, as redes comunitárias, que podem promover a inclusão com governança própria. "Elas passam os melhores conteúdos locais, ajudando membros na capacitação e apropriação tecnológica, e muitas vezes conseguem utilizar tecnologia livre e/ou de código aberto", argumenta. As prestadoras de pequeno porte (PPPs), por sua vez, ajudam na promoção da capilaridade do acesso.  

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Coordenadora da pesquisa TIC Educação no Cetic.br, Daniela Costa ressalta que não é só o grupo de desconectados que demanda capacitação nas habilidades digitais. "Ter acesso à Internet não significa que a pessoa é hábil nos recursos digitais, há múltiplos conceitos – para acessar serviços de saúde, é preciso habilidades digitais." 

Outra questão é que, na avaliação de Costa, as políticas de capacitação passam por educação formal, que tem seus próprios desafios relacionados – tanto na conectividade básica quanto na qualificação de professores. Mas há também parte da população que não está em escolas e também precisa das habilidades, especialmente nas classes de baixa renda. Ela cita dados do Cetic.br: a atividade de mandar mensagens instantâneas é bastante disseminada tanto na classe A quanto na DE. Por outro lado, em transações financeiras digitais, há disparidade: 95% do grupo A utiliza, mas só 21% o fazem na DE.

"Precisamos de programas massivos", declarou o diretor executivo da Associação Latino-Americana de Internet (ALAI), Raúl Echeberría. Ele entende que programas de apoio a pequenas empresas ajudam, uma vez que considera que o desenvolvimento de habilidades para a "construção da cidadania digital muitas vezes é a porta para inclusão de pessoas na economia".

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