Em debate durante a Satellite 2024, principal evento do mercado de satélites dos Estados Unidos, que acontece esta semana nos Estados Unidos, algumas das empresas que estão buscando ganhar espaço dentro das estratégias e políticas nacionais de conectividade significativa e inclusão digital falaram dos desafios enfrentados pela tecnologia e das oportunidades.
John Gedmark, CEO da Astranis, anunciou parceria com a operadora competitiva Orbith, da Argentina, para uso de um satélite dedicado à conectividade dos clientes da Orbith, que vão de clientes governamentais a usuários finais, passando pelo mercado corporativo, mas sempre utilizando redes de terceiros.
"Para ampliar esses projetos de inclusão, precisamos ter o máximo de capacidade o quanto antes. Já estamos com um satélite, e lançaremos ainda quatro mini-GEO esse ano, e mais cinco ano que vem, e queremos ter uma centena até o final da década", diz o presidente da Astranis. "A velocidade para oferecer capacidade e a velocidade de implementação são a chave", diz.
Outro operadora de satélites, mas essa já tradicional, que aposta em modelos inovadores e de baixo custo para prover soluções de conectividade é a Intelsat. Para Jean Philippe Gillet, VP global de vendas da empresa, modelos baseados em serviço são o caminho para o crescimento e para parcerias. Uma das apostas para suprir necessidades de inclusão e gaps digitais são as estações rádio base de baixo custo, conectadas por satélite e operadas pela própria Intelsat. Estas estações são oferecidas aos parceiros de telecom como solução integrada de operação em áreas remotas.
Para Ramesh Ramaswamy, VP executivo da área internacional da Hughes e Echostar, ainda existe muita oportunidade de crescimento. "Só nos Estados Unidos, são 15 milhões de lares sem banda larga", disse ele, apostando que com o satélite Jupiter 3 a diferença de velocidade para concorrentes e outras tecnologias se desfaz e a Hughes volta ao jogo.
Massimiliano Ladovaz, CEO da Eutelsat Group, destaca que a estratégia combinada de cobertura com satélites Geoestacionários (GEO) com satélites de órbita baixa (LEO) é a ideal para resolver o problema do gap digital em áreas sem cobertura, pois assegura confiabilidade, velocidade e presença em todos os lugares.
Ignácio Sanchís, CCO da Hispasat, comenta o papel das parcerias entre governos e operadoras para cobrir o gap digital. "Na Espanha, temos um modelo de 35 euros de conexão com 200 Mbps de velocidade de download", diz, mencionando a parceria com o governo local para assegurar a atuação em linha com políticas públicas.
E a empresa destaca que até 2027 terá uma solução de mais baixo custo com foco em atender políticas públicas. "Há um apoio do governo, mas com risco privado", diz ele. A Hispasat foi a operadora que recentemente anunciou MoUs com governos da América Latina (incluindo o Brasil e a Telebrás) para desenvolver soluções de "condosat" (satélite compartilhado) para atender políticas públicas.