Em evento que discutiu conectividade significativa, o presidente executivo da Conexis Brasil Digital, Marcos Ferrari, disse que, atualmente, as empresas de telecom vivem um dilema sobre investirem em áreas já cobertas – para garantir um bom serviço devido à alta demanda de tráfego de dados, ocasionado pelo uso contínuo das aplicações ofertadas pelas big techs – ou se fazem novos investimentos em áreas onde ainda não há infraestrutura.
"Hoje, vivemos o dilema: como expandir a cobertura para onde não há conectividade, e diante da alta demanda de dados exigida pelos locais onde já há conectividade", resumiu Ferrari, no evento que aconteceu nesta terça-feira, 16, em Brasília, organizado pelo CGi.br. Este, segundo o dirigente, é um dos pontos que o setor tem refletido quando o assunto é expansão da infraestrutura.
Outro aspecto destacado pelo presidente executivo da Conexis é a questão tributária. A pesquisa apresentada pelo CGI.br sobre conectividade significativa mostra que o acesso a um dispositivo adequado é um dos elementos importantes para se ter uma experiência satisfatória na rede.
Sobre isso, Ferrari disse que, hoje, o brasileiro não tem mais acesso a dispositivos porque em média, um dispositivo que permita acesso a Internet tem até 55% de incidência tributária. "Quando a gente destrincha os componentes do preço de um aparelho nota-se que quase 55% do valor dos dispositivos é tributo. E isso inibe adquiri-los", afirmou.
Ferrari também pontuou que atualmente, Brasil possui 240 milhões de acesso de celulares , mas concentrados em determinadas regiões.
Conectividade para todos
Priscila Gonsales, da UNICAMP/Educadigital, outra participante do evento, destacou que, hoje, deve-se pensar a conectividade sob a perspectiva do Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) 4. "Pensar conectividade significativa a partir do ODS 4, que trata da educação. Educação inclusiva, equitativa, de qualidade para todos" disse.
Ela também alertou sobre outros elementos importantes quando se fala em conectividade, especialmente a do ambiente escolar. "Devemos pensar em infraestrutura física. É raro vermos no debate da educação o tema da infraestrutura física. O que uma escola precisa de infraestrutura física para ter conectividade? Isso é um tema importante", afirmou.
Elida de Aquino, da organização Criola, destacou que é importante colocar o quesito raça na discussão. "Quando falamos de conectividade significativa, falamos de raça. Quando falamos de alguém desempregado, o fator raça também está presente. Raça está em todas as questões", disse.
O quesito é importante, tanto que consta como um dos elementos da pesquisa do CGI.br, que mostra a desigualdade sobre quem tem uma experiência de conectividade significativa.
Os dados da pesquisa com base na autodeclaração de cor ou raça dos respondentes mostram que entre os brancos, 32% estão na faixa mais alta da conectividade significativa descrita na metodologia do estudo, enquanto que entre pretos e pardos, a porcentagem cai para 18%.