A decisão de incluir as faixas milimétricas em 26 GHz na previsão dos leilões de 5G planejados para março de 2020 deve gerar uma "corrida contra o tempo" nos testes com a tecnologia. Um dos motivos para tal é a obrigação da Anatel de informar ao Tribunal de Contas da União (TCU) detalhes como valoração e regras do certame 150 dias antes de sua realização – ou seja, antes do final deste ano.
"Há um grande trabalho que temos que fazer junto com o TCU, pois temos que mandar o edital 150 dias antes já com valoração e regras", afirmou o assessor técnico da agência, Humberto Bruno, durante evento realizado nesta terça-feira, 26, em São Paulo. Dessa forma, uma definição sobre a viabilidade da inclusão das ondas milimétricas seria necessária entre os meses de outubro e novembro. "Estamos correndo contra o tempo porque sabemos da capacidade dessa faixa. Nós vimos isso na China e nos EUA, onde alguns provedores já estão usando, sobretudo para WTTH". Segundo o técnico, a agência não descarta a possibilidade de leiloar o 26 GHz "logo na sequência" caso a análise não seja concluída a tempo para o certame de março de 2020.
Bruno lembra que, conforme informado por este noticiário, "informações mais refinadas" sobre o uso das ondas milimétricas devem surgir durante a Conferência de Radiocomunicação da UIT. Ainda assim, a intenção da agência é se antecipar ao congresso, que se estenderá de 28 de outubro até 22 de novembro. "Estamos avaliando a extensão [da banda], quem está usando ela atualmente, e possíveis formas de tirá-los ou não. Precisamos definir como ela vai ser dividida, para evitar também interferências abaixo dessa faixa", reiterou. Ainda não há prazo certo para a conclusão dos testes teóricos e o início dos testes de campo da tecnologia.
"Até a última informação que eu tive, a faixa de 26 GHz estava bem limpa, então não teríamos problema com limpeza", prosseguiu o assessor técnico. "Ela é mais tranquila, diferente do 3,5 GHz, que tem necessidade de harmonização com recepção parabólica". Neste caso, a expectativa é de conclusão dos testes de campo até o fim do mês que vem; os trabalhos estão sendo realizados no Centro de Referência Tecnológica (CRT) da Claro na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.