Representando empresas de instalação, manutenção de redes e call centers, a Feninfra se alinhou com as operadoras de celular na consulta pública sobre requisitos técnicos para o uso da faixa de 6 GHz (5.925 MHz a 7.125 MHz).
A federação foi mais uma a defender que a Anatel adie a decisão sobre uso da faixa superior do 6 GHz (6.425-7.125 MHz) para depois da Conferência Mundial de Radiocomunicações de 2023 (WRC-23), liberando no momento apenas a faixa inferior (5.925 a 6.425 MHz) para o uso não licenciado.
Segundo a Feninfra, a proposta de reservar toda a faixa de espectro para serviços não licenciados como Wi-Fi não ajudará a "reduzir a lacuna digital" existente no País. "Abrir a banda de 6 GHz para uso não licenciado, por exemplo, por Wi-Fi 6E, não traz muito valor para conectar a população não conectada".
"Caso a WRC vier a decidir que parte dessa banda é para 5G, quem sabe até 6G, a decisão do Brasil de alocar os 1.200 MHz do 6 GHz em não licenciada poderá ser irreversível", defendeu o documento, assinado pela presidente da Feninfra, Vivien Suruagy.
FWA
O acesso fixo-móvel (FWA) é um dos serviços 5G onde o 6 GHz poderia ocupar papel fundamental no futuro, de acordo com a entidade. "[O FWA] pode oferecer ligações de banda larga de elevado débito de dados a residências em cidades e zonas rurais com custos razoáveis quando operam nas faixas de frequências médias. Esta é provavelmente a maneira mais rápida e econômica de reduzir a lacuna digital do País", sinalizou Suruagy.
A Feninfra também apontou uma tendência de queda no descarregamento do tráfego móvel para o Wi-Fi como argumento contra a necessidade de todo o 6 GHz para uso não licenciado.
"Globalmente, esperamos que o descarregamento de Wi-Fi permaneça importante. No entanto, evidências qualitativas sugerem que pode não crescer significativamente, tendo em vista o aumento da disponibilidade de pacotes de dados móveis ilimitados". Segundo a associação, tal quadro está ocorrendo na Coreia do Sul, onde o tráfego descarregado por operadoras estaria diminuindo constantemente desde a introdução do 4G.
Potência
Em paralelo, a entidade ainda apontou riscos de alguns utilizadores não respeitarem a restrição de uso não licenciado de equipamentos Wi-Fi apenas em ambientes indoor, "em especial quando os dispositivos não são operados por técnicos especializados e se destinam ao mercado de massas". A situação poderia acarretar em interferência sobre serviços fixos.
Por essa razão, a Feninfra pediu um ajuste da potência permitida para equipamentos em 6 GHz: em vez da taxa EIRP de 30 dBm (decibel miliwatt) sinalizada pela Anatel, foi sugerida uma uma EIRP máxima de apenas 23 dBm.