O principal foco da reunião entre a Net Serviços e analistas de investimentos realizada pela Apimec (Associação Paulista de Mercado de Capitais) nesta quinta, 24, foi o contrato para serviços de voz com a Embratel. Nem todos os detalhes foram esclarecidos, mas Leonardo Pereira, diretor financeiro da operadora de cabo, deu uma boa idéia de como Net e Embratel trabalharão em conjunto. O serviço terá a marca Embratel, mas todo o relacionamento com o cliente será feito pela operadora de cabo. É a Net quem instalará e quem fará o billing do usuário do serviço de voz. Segundo Leonardo Pereira, não será uma conta única por questões fiscais, mas será um "envelopamento" único, ou seja, a conta chegará no envelope da Net. "O relacionamento é nossa responsabilidade", diz Pereira. A oferta será feita apenas aos clientes banda larga da Net Serviços, que são hoje 305 mil em 12 cidades, com previsão de se chegar a algo entre 520 mil e 550 mil até o final de 2006. A Net será remunerada por cada assinante, em um contrato similar a "contratos de unbundling" existentes em outros países, segundo o diretor. A Embratel fará os investimentos necessários, "o que nos livra do risco". Além da remuneração por cliente, a Net espera que a oferta de voz permita maior fidelização da base de banda larga. Pereira não deu a data em que a Embratel começará a oferecer o serviço, mas disse acreditar que "em semanas" ou "o mais rapidamente possível" o produto estará disponível.
Ao ser questionado se pretende comercializar o acesso à Internet em alta velocidade também para quem não é da base de TV paga, Pereira explicou que isso será possível com a licença de Serviços Multimídia mas que o foco da Net continuará sendo a venda de vários produtos. A Net também explicou que o contrato para o fornecimento de rede óptica apagada para a Embratel se destina ao atendimento de e grandes empresas. "O mercado de pequenas empresas é atingido pela nossa rede e é algo que estamos começando a atacar mais fortemente agora".
TV digital e alianças
A Net deu, pela primeira vez após o início das vendas, um número de referência para a base de assinantes digitais. Leonardo Pereira reafirmou o compromisso de chegar a 100 mil clientes na plataforma digital até o final de 2006 e repetiu o patamar de 20 mil assinantes digitais atuais "que a empresa vem falando", mas sem ser preciso.
A operadora também se colocou disposta a trabalhar em parceria com outros operadores de cabo. "Gostaríamos de poder estar mais próximos de alianças operacionais com outras empresas do setor", colocou Pereira, ao ser questionado sobre qual seria a resposta à fusão entre Sky e DirecTV. "A fusão no DTH é algo com o que já estamos trabalhando há algum tempo".
Em relação à concorrência com outras mídias, Leonardo Pereira destacou a vantagem que a Net tem no conteúdo. "Além da questão regulatória, tenho que lembrar que temos um contrato de conteúdo nacional de qualidade e exclusivo". De qualquer maneira, ponderou, a Net trabalha com a perspectiva de integrar seus serviços com redes móveis, sem dar detalhes (vale lembrar que a Telmex, acionista da Net, tem ainda participação indireta na Claro).
Sócios
Leonardo Pereira reafirmou que hoje, ainda que Telmex tenha 37% do valor econômico da Net contra 13% da Globo, é o grupo brasileiro quem controla a empresa, com 51% das ações com direito a voto. "Existe uma opção de venda e compra dos 2% que configuram o controle quando a legislação permitir, mas não é algo para curto prazo. Quando isso acontecer, os direitos de Globo e Telmex se invertem. Mas por enquanto são dois sócios importantes e fortes, que se complementam".