Pesquisa aponta desafios da portabilidade no Brasil

Um estudo da Accenture sobre portabilidade numérica nos Estados Unidos, Europa e Ásia aponta sucessos e fracassos nesses mercados e os desafios que as operadoras brasileiras irão enfrentar.
Entre as dificuldades de adoção do recurso no Brasil está o oferecimento ao mercado de massa. ?A competição na telefonia fixa tende a concentrar-se nos segmentos mais atrativos do mercado (empresas e consumidores de alta renda)?, diz o sócio da Accenture, Ricardo Distler. Outro desafio será para o mercado celular, já bastante competitivo, com várias opções de serviços e elevadas taxas de churn entre as operadoras. ?O nó da questão será como introduzir a portabilidade de maneira a beneficiar o usuário e contribuir para a manutenção de uma ambiente de competição saudável?, afirma.
Em Hong Kong que conta com portabilidade na telefonia móvel há seis anos, o nível de adoção é mais alto que a média. ?Com a guerra de preços houve a redução de 70% nas tarifas e as transações correspondem a 100% da base de assinantes com uma média mensal de 1,25% de usuários?, explica. Na Finlândia, onde está implantada há dois anos e meio, a movimentação mensal da base superior a 2%, correspondendo a mais de 50% da base de usuários.

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Na Holanda e no Reino Unido a portabilidade não é tão popular. Nestes países a taxa de adesão mensal ficou abaixo de 0,1%, acumulando um volume de apenas 10% da base total de usuários. Entre as razões, segundo Distler, está o processo lento de migração oferecido pela operadora e o alto custo para o usuário. Em Hong Kong o processo leva dois dias, ante 20 dias no Reino Unido e 12 semanas na Holanda.
Com apenas três grandes empresas operando no Brasil, o País dará pouca mobilidade para os assinantes da telefonia fixa. Em todos os mercados estudados pela Accenture a competição se dava no mínimo entre cinco empresas, além da portabilidade poder acontecer entre fixo e móvel, o que não ocorrerá no Brasil. ?A infra-estrutura das operadoras alternativas às incubents no País cobre apenas 20% da rede e o desafio será estender para as outras áreas?.
Outra dificuldade, segundo Distler, será estruturar uma entidade de administração central do sistema. O estudo aponta também que a portabilidade vai requerer um alto nível de automação dos operadores com solução centralizada, roteamento direto, one stop shop, CRM e provisionamento. As empresas deverão ter atenção especial em gerenciar, executar e monitorar a solicitação de portabilidade. Outro cuidado será com relação às fraudes. ?O sistema vai exigir que as operadoras revejam estratégias, modelos e sistemas para prevenir fraudes. E se não for um processo coordenado entre as diferentes empresas vai aumentar bastante os custos?, completa.
A Anatel prorrogou para o dia 6 de novembro o prazo da consulta pública que trata do regulamento de portabilidade numérica. O pedido foi feito pela Acel (Associação Nacional das Operadoras Celulares), que alegou que precisaria de mais tempo para estudar as mudanças que serão implantadas nos sistemas nas empresas, para então poder encaminhar suas contribuições ao regulamento proposto pela Anatel.
A edição da revista TELETIME de outubro publica matéria detalhada sobre o assunto.

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