A Pesquisa TIC Educação, do CGI.br, lançada nesta segunda-feira, 25, mostrou que 94% das instituições de ensino fundamental e médio estão conectadas à rede, mas apenas 58% contam com computador e Internet para uso dos estudantes. No total, foram feitas 10.448 entrevistas com gestores, alunos, professores e coordenadores de estabelecimento de ensino público e particulares.
A pesquisa levou em consideração o ano de 2022. Um dado interessante da edição lançada nesta segunda-feira mostra que 99% das escolas urbanas pesquisadas estão conectadas. Comparado com 2020, houve um aumento de um ponto percentual.
Já na área rural, os dados mostravam que, em 2020, 52% das escolas estavam conectadas. Em 2022, esse número aumentou para 85%. Das escolas conectadas, 58%, ou pouco mais da metade delas, possuem computadores (notebook, desktop e tablet) e conectividade à rede para uso dos alunos.
"A educação está entre os setores mais impactados pela crise sanitária provocada pela COVID-19. Com o retorno das atividades presenciais, é fundamental conhecer de forma abrangente como as escolas evoluíram do ponto de vista da conectividade e qual a percepção dos atores da comunidade escolar sobre o estado atual do acesso e do uso das tecnologias digitais em atividades pedagógicas e na gestão escolar", explica Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.
A pesquisa também mostra que 99% das escolas particulares e 93% das escolas públicas possuem acesso à Internet, proporção que é de 97% entre as escolas estaduais e de 93% entre as escolas municipais. Em relação à qualidade do acesso à Internet, 52% das escolas estaduais e 46% das particulares declararam possuir 51 Mbps ou mais de velocidade da principal conexão da instituição, proporção que é de 29% nas escolas municipais.
Já quando se considera apenas as escolas que possuem simultaneamente computador e acesso à Internet para uso dos alunos, esta presença é maior entre as escolas estaduais, com 82%, e nas particulares, este número é de 73%, enquanto somente 43% das escolas municipais disponibilizam ambos os recursos tecnológicos, conforme a edição 2022 da pesquisa.
Obstáculos para a conectividade
A maior parte das instituições de ensino fundamental e médio conectadas, 80%, possuem acesso à Internet disponível para uso dos alunos em ao menos um de seus espaços. Tanto nas escolas particulares, que representam 66%, quanto nas municipais, onde se alcança 60%, esse acesso acontece, sobretudo, dentro da sala de aula. Já nas escolas estaduais, 67% delas possui laboratórios de informática e em 66% bibliotecas ou salas de estudos são os espaços predominantes.
Entre os fatores que dificultam a conexão ampla de todos da comunidade escolar, estão situações como o sinal de Internet não chegar às salas que ficam mais distantes do roteador (55%); a Internet não suportar muitos acessos ao mesmo tempo, com 50%; e a qualidade da Internet ficar ruim, 41%. Estes indicadores ocorrem com maior frequência nas escolas estaduais. Nas instituições particulares, estes aspectos são também citados, mas com porcentagens inferiores: 21%, 15% e 14%, respectivamente.
Já nas municipais, o principal obstáculo apontado foi o fato de a Internet não suportar muitos acessos ao mesmo tempo, alcançado 45% das unidades escolares, seguido de o sinal de Internet não chegar às salas que ficam mais distantes do roteador, com 38%, e de a qualidade da Internet ficar ruim, 35%.
Os docentes também percebem os aspectos relacionados à conectividade como obstáculos ao uso das tecnologias digitais em atividades de ensino e de aprendizagem. A falta de disponibilidade de computadores para uso dos professores ou dos alunos na escola e a falta de acesso à Internet para uso em atividades educacionais estão entre os principais motivos para não utilizarem tais recursos com os estudantes. A dispersão dos alunos durante o uso de tecnologias digitais nas aulas é também citada por 46% dos professores.
Quando questionados sobre o porquê de não usar Internet na escola, os estudantes elencam ainda outros aspectos, como o fato de os professores não utilizarem Internet em atividades educacionais (64%), de a escola proibir o uso do telefone celular (61%) ou proibir o acesso à Internet para os alunos (46%).
"A apropriação dos recursos digitais por estudantes e educadores na criação de oportunidades de aprendizagem e na construção de conhecimentos é o que torna a conectividade, de fato, significativa na educação. Com base nos dados, é possível constatar o quanto a presença e a qualidade da conectividade nas escolas podem afetar as oportunidades de uso dos recursos educacionais nas atividades de ensino e de aprendizagem", afirma Barbosa.
Confira a apresentação com os dados da pesquisa TIC Educação aqui.