O Brasil não é o único mercado onde a Telefónica está executando planos de separação estrutural de uma empresa de fibra para operação neutra, mas os modelos de negócio variam em cada país. Em teleconferência de resultados financeiros nesta quinta-feira, 25, o COO do grupo espanhol, Ángel Vilá, confirmou que o projeto da Vivo para a unidade, agora chamada de FiBrasil, será de divisão igualitária de controle.
A FiBrasil é parte da estratégia da companhia que divide o País em três categorias: a Tier 1, na qual a Vivo terá infraestrutura 100% própria; a Tier 2, com acordos de fibra como o realizado com a American Tower em Minas Gerais; e o Tier 3, que envolve essa separação estrutural de parte da rede ótica. "No projeto FiBrasil será cocontrole, com 50% para parceiro, e 50% dividido entre Telefônica Brasil [Vivo] e Telefónica Infra", explica Vilá. Na prática, significa que o grupo espanhol deterá a metade do spin-off.
A abordagem é diferente de outros países também por ser realizada em um ambiente brownfield, isto é, onde há infraestrutura, mas ela está ociosa. Dos 15,7 milhões de homes passed da Vivo, cerca de 1,6 milhão serão separados (carv-out) para a FiBrasil, com expectativas. "O resto do crescimento será em greenfield, potencialmente por meio de aquisições, para chegar à marca de 5,5 milhões de HPs ao longo dos próximos quatro anos", completou o executivo.
O modelo de negócios é classificado pela Telefónica como de "Capex light", no qual a Vivo fica responsável pelo investimento com equipamentos do cliente, além de Opex no uso da rede neutra. Segundo a operadora, as negociações com um "grande fundo internacional" estão avançadas.
Outros países
Na Alemanha, a Telefónica tem outra abordagem. A transação é totalmente greenfield (em mercado 'virgem', especialmente em áreas sem infraestrutura e "semirrural), mas também com cocontrole em uma parceria com a Allianz assinada em outubro. Da parte do grupo espanhol, é um modelo semelhante: metade da Telefónica Deutschland, metade da Telefónica Infra.
No Chile, a companhia lançou o projeto de InfraCo, mas no qual terá 40% de participação, com os 60% restantes para a KKR. A ideia é incorporar 2 milhões de HPs em ambiente brownfield. Já nos demais mercados na América Latina, a baixa penetração de fibra tampouco justificou para a Telefónica operação semelhante.
Contudo, o principal mercado do grupo, a Espanha, não tem planos concretos para esse tipo de separação. Segundo Ángel Vilá, a empresa já tem acordos de fibra no atacado, mas não são ambientes greenfield. "Temos desenvolvimento de fibra no país, para nós é estratégico. Pode ser uma opção para o futuro, mas não estamos contemplando transações do tipo neste momento", afirma.