Vivo diz que SMP é mercado único no cenário da convergência

A apresentação da Vivo feita ao Cade, na série de audiências para discutir o "mercado da convergência" que a autarquia está promovendo, trouxe uma tese nova: para a tele celular, mercado de SMP é um mercado relevante separado, único, que não pode ser misturado com os demais. Isso significa, na visão de Roberto Lima, presidente da operadora, que quando se olha o mundo da convergência na telefonia móvel, não é possível equipará-la a outros setores, como o da banda larga ou da TV por assinatura. É uma tese diametralmente oposta à apresentada por Luiz Falco, presidente da Oi, na primeira das audiências realizadas pelo Cade, no início do mês. Segundo Roberto Lima, contudo, a demanda por conteúdos convergentes deve ser crescente na plataforma móvel, chegando, em longo prazo, a ser mais relevante que a voz, e daí a importância de discutir o tema. "Neste novo mundo, nosso setor não pode ficar isolado. Nós fazemos o acesso móvel, mas temos que ter parcerias com provedores de conteúdo, que fazem algo que não vamos fazer".
Assim como postulou a Telefônica, também a Vivo pede uma regulação ?light touch?, agindo apenas sobre abusos concorrenciais. "A competição deve permitir o desenvolvimento tecnológico dos setores".

De volta ao presente

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Em seguida, a Vivo passou a discutir um problema muito mais imediato, que é a sua viabilização diante dos seus concorrentes. "Todas as empresas precisam ter acesso ao espectro de freqüências para competir nacionalmente", disse Roberto Lima, reacendendo a disputa da operadora para ter acesso às sobras de freqüências e espectros ociosos, de modo a se equiparar com as demais teles móveis em termos de capacidade e cobertura de rede. "Para operadoras móveis, espectro é como oxigênio". Roberto Lima evitou entrar em conflito com a Anatel e elogiou a atuação do órgão regulador em relação ao leilão destas faixas. "A Anatel já cumpriu várias etapas necessárias e temos certeza que em breve teremos a chance de fazer nossa oferta por estas faixas".
Em relação ao modelo regulatório para o futuro, Roberto Lima também não prega a licença única, sugerindo que a Anatel siga um modelo intermediário, com cinco licenças possíveis, sendo uma delas, exclusivamente, para o serviço móvel. "A outorga única tiraria do mercado empresas que prestam serviço especializado. O ideal seriam menos outorgas, mantendo o SMP separado, junto com mais quatro ou cinco serviços".Ele também voltou a repetir a sua tese de compartilhamento de infra-estrutura para as tecnologias de terceira geração. "Aqui no Brasil o modelo de compartilhamento de rede pode ser interessante, ainda que meus colegas competidores e os fornecedores não gostem quando falo nisso. É um assunto importante, mas que talvez não esteja na tendência natural das coisas. Seria, certamente, muito mais econômico".

Concentração e 3G

Em relação à concentração dos mercados de telefonia, ele acredita ser inevitável esse movimento. "A tendência mundial é de poucos players, mas fortes, e isso vai permitir mais escala e menores custos. Talvez, até, a universalização do serviço e menores preços. A concentração não é por si só um efeito negativo. Mas no Brasil a competição tem que ser nacional, e não regional", disse, mais uma vez pedindo, indiretamente, as faixas para operar em todo o Brasil.
Roberto Lima voltou a falar da migração para a rede GSM, mas desta vez com um discurso muito mais analítico. "Embora o CDMA seja uma tecnologia a toda prova, de excelente qualidade, o que pegou no mundo foi o GSM. Às vezes é melhor um final horroroso do que um horror sem fim, por isso entramos com o GSM no ano passado. Adicionamos a uma rede cujo valor residual ainda é de R$ 3 bilhões, que é nossa rede CDMA, mais R$ 1 bilhão referente aos investimentos para a rede GSM", relatou, alertando inda aos conselheiros do Cade que não pretende forçar a migração: "se fossemos trocar todos os aparelhos de CDMA para GSM, seriam mais US$ 3 bilhões em aparelhos, por isso o CDMA ficará por muito tempo. Essa mudança não foi a situação ideal, mas foi o que pudemos fazer para evitar a perda de market share".
Ele acredita que a terceira geração logo estará em patamares de preços compatíveis com a realidade brasileira. "Hoje já há aparelhos de US$ 100. O que é importante se lembrarmos que. 80% da população usa o telefone pré-pago, mesmo que destes, 20% tenham gastos semelhantes aos gastos de um assinante pós-pago".

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