Na próxima quarta-feira, 1º de março, a OneWeb inaugurará o primeiro teleporto da empresa no Brasil, em parceria com a Telespazio. Será o de Maricá (RJ), que funcionará para dar apoio à constelação de satélites de órbita baixa (LEO) da companhia. Segundo o diretor de relações governamentais e regulatórias da operadora, Christopher Casarrubias, este é o primeiro passo para a companhia entrar no mercado brasileiro, com interesse de longo prazo.
"No Brasil estamos pensando em cobertura total até o quarto trimestre deste ano, por volta de outubro ou novembro. Mas certamente muito antes, ainda no segundo trimestre, vamos poder ter cobertura em alguns locais do país, e vamos ter algumas demos nos gateways de Maricá", declarou Casarrubias ao TELETIME nesta sexta-feira, 24.
O processo de calibragem das antenas pode levar entre um mês e 45 dias, mas a partir de então já será possível começar a servir a determinadas áreas brasileiras com os satélites já em órbita.
Atualmente, a constelação LEO da OneWeb já conta com cerca de 648 satélites em operação, correspondente a mais de 80% da frota total prevista. Restam apenas dois lançamentos, que deverão acontecer nos próximos dois meses, se tudo ocorrer bem. Nesse mesmo período, a companhia deverá inaugurar o segundo teleporto no Brasil, em Petrolina (PE), desta vez em parceria com a Hughes, que é acionista da empresa.
A expectativa é de poder aproveitar uma grande demanda por conectividade corporativa no País, e para isso a empresa já abriu chamada para propostas. Casarrubias comenta que há "bastante interesse tanto de companhias brasileiras quanto de multinacionais que fazem negócios no Brasil, bem como de governo". Os parceiros de distribuição, como a Telespazio, falam também de oportunidades no setor de petróleo e gás, mas não apenas no Brasil, uma vez que a cobertura deverá chegar à América Latina e do Norte.
No evento de inauguração na próxima semana, o executivo da operadora deverá se encontrar com representantes do Ministério das Comunicações, Anatel, Agência Espacial Brasileira (AEB) embaixadas da Inglaterra e Índia e políticos locais. "Conversei com a secretária executiva do MCom, Sonia Mendes, e ela estava empolgada com os investimentos e o evento", conta.
"Nosso interesse no mercado brasileiro é primordial no curto, médio e longo prazo", diz ele reforçando que a cobertura nacional chegará antes do final do ano. A licença conseguida na Anatel é de 15 anos, vale lembrar.
A OneWeb não oferece a conexão a usuário final, mas em atacado, o que a diferencia de ofertas LEO como a da Starlink, por exemplo. Mas há interesse de trabalhar com o mercado local para procurar baratear terminais (mas sem subsídio) para o usuário. "Nossa tecnologia é completamente diferente, de baixa latência, semelhante à fibra, com banda larga de alta qualidade. Tem muitos casos de uso que não têm sido [aplicados a satélites], como cloud, gaming e até videochamadas."
Momento
Christopher Casarrubias destacou a este noticiário que o momento é de reflexão pela empresa. Há exato um ano, a invasão da Rússia na Ucrânia afetou a OneWeb, que estava com lançamento marcado em um foguete Soyuz a partir do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, país aliado do governo russo. "Foi quase um 'deal breaker', quase quebrou a companhia. Não por causa dos satélites, que ainda estamos tentando recuperar, mas porque causou uma interrupção no plano", conta. Ele lembra que parceiros e governos ajudaram a empresa a organizar um novo lançamento, inclusive pela SpaceX, apesar de serem concorrentes de mercado.
Agora, a empresa está em fase de consolidação com a Eutelsat, operadora de satélites geoestacionários mais tradicionais. "Com isso, já estamos vendo como isso será uma complementaridade única que está sendo criada", argumenta Casarrubias.