O governo já sinalizou à EAF (Entidade Administradora dos Compromissos da faixa de 3,5 GHz) que a rede privativa fixa a ser implementada com recursos do leilão de 5G terá possivelmente mais do que os 6,5 mil pontos previstos inicialmente no Edital de 5G. Com isso a empresa se prepara para iniciar a fase de projeto das redes metropolitanas nas 27 capitais brasileiras, que devem ser implementadas no segundo semestre.
A lista final de cidades deverá ainda ser aprovada pelo Gaispi, o grupo gestor coordenado pela Anatel que estabelece as diretrizes da EAF, mas com a relação fechada de estabelecimentos em que a rede deverá ser instalada, a EAF tem condições de fazer o projeto e contratar os equipamentos, explica Leandro Guerra, presidente da entidade.
"Agora tem uma demanda bem concretizada, e devem ser mais de 6,5 mil pontos. Supera um pouco o que estava no edital, mas isso estava previsto, e agregar mais pontos não deve alterar muito o custo", diz Guerra. Em um primeiro momento, no início do governo Lula, houve uma indicação de que talvez esse número de pontos pudesse ser bem menor (em torno de 800) o que economizaria recursos para outros projetos, mas o Ministério das Comunicações, juntamente com o Ministério de Gestão e Inovação e a Telebrás, finalizaram nos últimos dias essa relação definitiva de pontos, voltando aos patamares inicialmente estimados na época do leilão.
Segundo o executivo, a EAF já tem uma concorrência colocada para a compra de equipamentos para a rede fixa, e a expectativa é que seja escolhida alguma empresa cuja tecnologia possa ser melhor integrada à rede de backbones da Telebrás, já que é a estatal quem operará essa rede depois de pronta. "Não colocamos nenhuma restrição de fornecedores a princípio, todos puderam participar. O que a gente fez, a exemplo da rede móvel, foi colocar alguns critérios de governança mínimos exigidos, para cumprir a obrigação de que o fornecedor da rede privativa seja alguém que cumpra os critérios das empresas abertas no Brasil". Os critérios estão disponíveis aqui.
Também já existe uma relação de cerca de seis fornecedores que farão a implantação da rede. "Nessa rede, a premissa é que haja uma rede de fibra inteiramente nova, mas estamos avaliando ainda como será o compartilhamento de postes, dutos e eventualmente como poderão ser usadas as redes neutras", diz Leandro Guerra. Em paralelo, diz o executivo, ainda vai ser contratada uma solução de criptografia ponta a ponta, mas esse processo não foi iniciado.
Rede móvel no Distrito Federal
Já a rede móvel dedicada a aplicações governamentais no Distrito Federal, que também é uma das obrigações a serem cumpridas pela EAF, também está em fase avançada de contratação, com a premissa de que ela será construída do zero. Mas ainda existe, segundo Guerra, a possibilidade prevista no edital de compartilhamento de acesso (RAN Sharing), o que precisaria ser definido pelo Gaispi. "Estamos analisando as propostas recebidas. Todos os fornecedores puderam participar e queremos começar a implementação esse ano ainda no primeiro semestre". Segundo ele, uma das premissas da contratação é que os equipamentos conversem com as demais redes móveis já utilizadas pelos órgãos de defesa e segurança. "Mas será uma contratação com 60% de peso para a proposta técnica e 40% para preço".
Por ser uma rede que operará apenas em um pequeno bloco de 10+10 MHz da faixa de 700 MHz, será uma rede 4G, mas a contratação prevê a possibilidade de evolução para o 5G no futuro.
Da mesma forma que a rede fixa, não existe nenhuma restrição de fornecedores a priori, mas todos precisam atender às cláusulas de governança estabelecidas, demonstrando compatibilidade com as exigências feitas a empresas abertas. E assim como a rede fixa, a camada de criptografia ainda será contratada.