Prestes a completar dois anos de atividade, a EAF (Entidade Administradora dos Compromissos da Faixa de 3,5 GHz), comemora o avanço nas implementação das principais metas estabelecidas aos vencedores do edital de 5G.
Com um recurso de mais de R$ 6 bilhões decorrente dos aportes feitos pelas empresas vencedoras do leilão realizado em 2021, a EAF tinha como missão liberar a faixa de 3,5 GHz e fazer a mitigação de potenciais interferências nos sistemas fixos de recepção via satélite (FSS); distribuir kits de recepção de TV para banda Ku a todos os usuários de sistemas em banda C (TVRO) que fossem também beneficiários do Cadastro Único de programas sociais; implementar seis infovias subfluviais na Amazônia totalizando cerca de 7 mil km; além de implementar a rede privativa fixa e móvel (no DF) para uso de governo. Todas as metas estão no caminho de serem entregues bem antes de fevereiro de 2026, diz Leandro Guerra, presidente da EAF.
TVROs avançam
No caso dos kits de recepção de TVRO, Leandro Guerra aponta uma aceleração no ritmo desde que o processo começou a chegar aos rincões do Brasil. "Vemos hoje uma demanda de mais de 40 mil ligações de pessoas querendo informações, e batemos o recorde de mais de 12 mil instalações em um único dia na semana passada", explica Guerra.
Inicialmente, parecia haver uma demanda pequena por esses kits, lembra ele, mas isso mudou. "Mais de 60% da demanda está no Nordeste".
Segundo Guerra, em abril a EAF deve ter instalados 2 milhões de kits, e a estimativa final é de uma demanda de 5,5 milhões de kits. "Mas esse número ainda precisa ser confirmado com uma nova pesquisa que faremos no primeiro semestre", diz ele. As estimativas iniciais da Anatel apontavam para cerca de 12 milhões de beneficiários do CadÚnico que eventualmente teriam direito ao kit, mas a realidade mostrou metade dessa demanda.
Hoje a distribuição de kits está em 3.078 cidades (o que significa que a entidade está pelo menos seis meses adiante da meta estabelecida no edital) e a estimativa é chegar ao final do ano com uma antecedência de 12 meses em relação às metas, já atendendo a pelo menos 25% das cidades com menos de 30 mil habitantes.
FSS quase concluído
Já o trabalho de remanejamento de canais e mitigação de interferências na faixa de 3,5 GHz para as estações de satélite (FSS) estão praticamente concluídas, aponta Guerra. "Em fevereiro a gente termina 19 mil estações que deveriam receber o trabalho de mitigação, faltam cerca de 300. Com isso termina uma das fases. Vai ser o primeiro compromisso completado e com sobra de recursos".
Infovias
As infovias na região amazônica também estão com cronograma de implementação compatível com os prazos finais de entrega, mas Guerra admite que houve uma expectativa de antecipação que acabou prejudicada pela seca intensa que afetou a região, reduzindo drasticamente o volume dos rios; e também pelo tempo necessário ao licenciamento ambiental.
Segundo ele, a licença do Ibama para a Infovia 03 foi publicada nesta quarta, 24, e foi a primeira das três infovias que perfazem a primeira fase de implementação. Guerra diz que o lançamento do cabo começa em breve, sem dar prazos.
Essa espera pelas licenças não impediu a EAF de antecipar a instalação da parte terrestre das Infovias, diz Leandro Guerra. "Nós avançamos com os projetos de ancoragem dos cabos submarinos e com as redes metropolitanas ao longo das infovias. Com isso, assim que os cabos subfluviais forem lançados, a rede pode ser rapidamente ativada", diz ele. Só nessa etapa são 20 cidades, sendo 220 escolas, 19 fóruns, 20 prefeituras e 15 pontos para Forças Armadas, explica.
A expectativa é que as Infovias 03, 04 e 02 (nessa ordem) sejam as primeiras a terem seus cabos lançados nos rios e ativadas ainda no primeiro semestre, se o licenciamento não atrasar, apesar do prazo do edital prever essas redes apenas em fevereiro de 2026. A infovia 04 tem um trecho terrestre que deve ser antecipado com a contratação de um backbone local de um PPP, até que a EAF conclua a sua própria rede.
Já as Infovias 05, 06 e 08 devem evoluir no segundo semestre e são vistas como mais desafiadoras. Segundo Guerra, os rios atendidos por essas redes ainda estão em condições de seca complicada e são os maiores trechos. As infovias 6 e 8 têm mais de 2 mil km, e a 5 tem 1600 km. E são as mais distantes em termos geográficos.
Já as Infovias adicionais aprovadas pela Anatel só serão implementadas depois de concluídas as seis previstas. E a Infovia 07 não é responsabilidade da EAF (trata-se na verdade da Infovia do PAC implementada pelo Exército). "Mas o nosso grande desafio será assegurar no futuro a continuidade da operação dessas infovias e, sobretudo, a sua plena integração", aponta Guerra.