A aposta da empresa de infraestrutura Highline na compra de ativos da Oi tem como objetivo final a operação com rede neutra, mas a transição para os clientes deverá ser suave. A companhia, que ganhou no final da quarta-feira, 22, exclusividade na negociação para a aquisição da Oi Móvel, pretende fazer o mesmo com a área de infraestrutura da operadora, a InfraCo. E a ideia é atuar com diferentes cenários de transição, mas sempre com objetivo final de repassar a base, inclusive para provedores regionais.
No caso da Highline ser bem sucedida com o planejamento de adquirir os ativos da Oi, o repasse aconteceria de forma transparente, e não necessariamente com a "venda" dos clientes. Segundo apurou TELETIME, uma possibilidade é que, em determinadas localidades, um pequeno provedor regional interessado já possa começar uma operação gerando receita – naturalmente, assumindo a base de clientes, mas ele próprio utilizando a infraestrutura da Highline.
Mas outro resultado ainda poderia acontecer: caso o processo licitatório resulte em um valor maior do que o antecipado pela própria Oi, a própria Oi (ClientCo) poderia "comprar de volta" os usuários. Isso considera que a oferta inicial da Highline seria disputada por outros players, resultando em um ágio acima do antecipado. E assim, não haveria sequer uma transição: os clientes continuariam sendo da Oi, mas agora usando a infraestrutura da rede neutra.
Há a possibilidade já aventada de que as grandes operadoras – Claro, TIM e Vivo – comprem a base, conforme descrito anteriormente, ainda que nos contatos iniciais a resposta tenda a ser negativa (ninguém quer dar à Highline a certeza de sucesso no modelo proposto). E existe também a intenção de a Highline participar do leilão do 5G. No caso da operação de atacado com acesso móvel especificamente, o superintendente de competição da Anatel, Abraão Balbino, mencionou nesta quinta-feira, 23, que há necessidade de alteração regulatória para que o modelo de negócios possa funcionar conforme esperado.
Lease back
Conforme apurado por TELETIME, a companhia e sua controladora, a Digital Colony, estão preparadas para a etapa de transição, incluindo nos investimentos acima de R$ 16 bilhões (R$ 15 bilhões do valor mínimo proposto pela Oi para a operação móvel e mais de R$ 1 bilhão pela unidade de torres da operadora). Além da possibilidade de conseguir retorno sobre a base, haverá condicionante de que a operadora que comprá-la terá que usar a rede da Highline, em um contrato de uso de rede de 10 a 15 anos.
O movimento é semelhante ao que aconteceu com o mercado de torres, no qual as operadoras venderam esse ativo para as chamadas "tower companies", que então estabeleciam contrato de "lease back". Assim, as teles conseguiam melhor liquidez com a venda dos ativos, mas ainda os utilizaria alugando de terceiros. Isso liberava caixa para continuar investindo em espectro, por exemplo. (Colaborou Samuel Possebon)