Daniel Dantas diz que sai do setor de telecomunicações

Daniel Dantas disse que pretende sair do setor de telecomunicações. Ao responder a questionamento de parlamentares nesta quarta, 21, durante depoimento às CPIs do Mensalão e dos Correios, Dantas se mostrou insatisfeito com a situação que vive nas empresas de telecomunicações e que está "viabilizando a venda das participações" do grupo para deixar o mercado.
Ele afirmou que entrou nesse setor depois de ter sido procurado pelo Citibank em 1996, que estava disposto a colocar US$ 1 bilhão em um fundo de investimento e que o escolheu expontaneamente. Explicou que nunca teve ajuda política nem buscou favorecimento junto a autoridades. "Nunca tive relações com o governo. Ao contrário, sempre pedi para que não interferissem", disse, mesmo sendo confrontado com parlamentares que o lembraram da relação com profissionais como Pérsio Arida (ex-presidente do Banco Central e do BNDES de FHC), Elena Landau (ex-diretora do BNDES e do Banco Central) e Luiz Leonardo Cantidiano (consultor do governo). Nenhum parlamentar lembrou-se de questionar sobre o jantar entre Dantas e FHC em maio de 2002, que precedeu intervenção na Previ e a nomeação de Cantidiano para a CVM.
Dantas negou que tenha procurado ajuda do governo mesmo na gestão do presidente Lula, apesar de "ter sido alertado de que possivelmente enfrentaria hostilidades e pressões depois que o PT assumisse o governo". Em seu depoimento, Dantas primeiro afirmou que foi convidado pelo então ministro Jose Dirceu para uma reunião, em maio de 2003, e que depois de uma breve troca de generalidades, Dirceu teria dito que "havia situações com os fundos a serem resolvidas e que o presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, deveria ser procurado". Dantas depois mudou ligeiramente a informação, e disse não afirmar se foi convidado por Dirceu. "Vi que minha secretária havia marcado uma reunião com Dirceu e imaginei que deveria comparecer". Ele disse que a sua primeira colocação ao ex-ministro da Casa Civil foi em relação a possíveis conflitos com Cassab, que havia sido até recentemente conselheiro da Telecom Italia.

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A reunião com Casseb, diz Dantas, foi ruim. "Senti hostilidade da parte dele", disse. Dantas alega que o presidente do Banco do Brasil queria que o Opportunity "rasgasse os contratos" e abrisse mão dos direitos em relação aos fundos de pensão. Em relação ao ex-ministro Luiz Gushiken (Secom), Dantas afirmou nunca ter tido uma evidência de que ele agisse contra os interesses do Opportunity, "mas era o que eu ouvia dizer".

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O principal foco da convocação de Daniel Dantas às CPIs do Mensalão e dos Correios era a sua suposta ligação com o esquema de financiamento do esquema de Marcos Valério e Delúbio Soares, tesoureiro do PT, para abastecer o esquema de financiamentos irregulares de partidos. Dantas negou que os investimentos da Telemig e da Amazônia Celular nas agências de Marcos Valério tivessem ligação com o mensalão. "Era uma relação técnica e a Telemig tinha muita satisfação com os serviços prestados", explicando que todas as despesas existentes estavam devidamente comprovadas por notas e as peças de campanha publicitária correspondentes. Segundo Dantas, as notas que apareceram parcialmente destruídas em nome da Telemig e da Brasil Telecom foram, provavelmente, notas devolvidas porque estavam erradas em relação aos serviços prestados. Mas o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB/PR) disse achar estranho o fato, tal a quantidade de notas que apareceram destruídas.
Dantas disse ainda que Duda Mendonça foi contratado para a Brasil Telecom por uma recomendação do próprio banqueiro, "por ser um profissional de grande talento".

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