Para Michael Hartman, SVP e Assistant General Counsel da AT&T, a ascensão do over-the-top como plataforma de conteúdo deve ser vista como uma evolução da mídia, e não uma revolução. Durante o Streaming Brasil 2019, que aconteceu nesta segunda, 22, realizado por TELETIME e TELA VIVA, o executivo apontou uma linha evolutiva do rádio até o OTT, passando pela TV aberta e pela TV por assinatura. "Os anos 2010 são a 'Era do Ilimitado'", disse lembrando dados marcantes da década para o VOD, como crescimento do cord cutting nos Estados Unidos, a superação da marca de 300 canais na plataforma Roku e o Netflix superando a HBO em nomeações ao Emmy.
Hartman ilustra o modelo ilimitado como uma cadeia de valores "não sequencial", com múltiplos modelos de negócio – baseados em assinatura, transação ou publicidade – e players atuando em diversos elos da cadeia de valores, em contraponto a um modelo baseado em uma cadeia de valor em sequência. Este modelo em sequência seria o estabelecido na Lei do SeAC, com players atuando em apenas um elo da cadeia.
A regulação no Brasil, diz o executivo, desconsidera "mudanças inorgânicas" pelas quais passam as empresas de telecomunicações e de mídia em todo o mundo. A concentração não está apenas na fusão AT&T e TimeWarner, mas também entre grupos de mídia (Disney e Fox) e entre operadoras (Comcast e Sky/UK, T-Mobile e Sprint, Vodafone/LibertyGlobal).
"A regulação deveria ser para garantir diversidade de conteúdo, acesso (oferta e custo) e conteúdo priorizado (obrigatório ou local). Estas são as prioridades desde os tempos do rádio", disse. "Os velhos conceitos já não se aplicam. Vamos ter que mudar as estruturas legislativas e regulatórias", finalizou.
Para Hartman, no cenário competitivo que se desenhou entre grupos de internet, mídia e telecomunicações, o conteúdo exclusivo se tornou um elemento essencial. "Não vejo hoje como competir se você não tiver um diferencial no conteúdo. É isso o que todos estão buscando", diz.