Para BrT, contrato com Kroll e compra do iG foram irregulares

Os elementos da nova representação encaminhada pela Brasil Telecom à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na quarta, 21, em relação aos abusos da gestão Opportunity no comando da companhia, são ainda mais contundentes do que foi a primeira representação, encaminhada no final de 2005. São acusações graves de fraude, conflito de interesse, desvios de recursos e quebra de dever fiduciário.
Uma das principais novidades mostradas à CVM diz respeito ao caso Kroll. Pela primeira vez, a própria Brasil Telecom admite que a contratação da empresa de investigação transcendeu o levantamento de dados sobre a Telecom Italia e chegou a ?outras empresas, pessoas, inclusive ligadas ao governo brasileiro e importantes veículos de comunicação?. Esta última menção é uma referência à Globo, sobre quem a Kroll levantou mais de cinco caixas de documentos, inclusive minutas reservadas. Segundo a BrT, as investigações, que custaram R$ 26 milhões (mais R$ 20 milhões em advogados), só atenderam aos interesses do Opportunity e não produziram benefício para a operadora. A razão colocada pelo Opportunity para a contratação da Kroll, diz a nova gestão da Brasil Telecom, era municiar a companhia em disputas judiciais contra a Telecom Italia. ?No entanto, essas ações foram extintas sem qualquer pagamento à BrT, em virtude de transações judiciais firmadas pela antiga gestão da companhia com a Telecom Italia no contexto dos acordos de 28 de abril de 2005. Nesses acordos, o grupo Opportunity contratou a alienação de ações de sua propriedade na cadeia de controle da Brasil Telecom a valores expressivos, supervalorizados, e recebeu na mesma data a quantia de US$ 65 milhões?.
Além disso, a Brasil Telecom acusa a gestão Opportunity de ter subtraído os documentos referentes às investigações da Kroll.

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Compra em benefício próprio

Outro pesado argumento colocado pela Brasil Telecom à CVM diz respeito à compra do iG, por US$ 132 milhões. Segundo os levantamentos da auditoria da Brasil Telecom, o valor foi inflado artificialmente, já que havia uma avaliação de US$ 54 milhões que foi ignorada. O Opportunity foi um dos sócios minoritários do iG beneficiados pela compra. Não houve informe de operação com partes relacionadas, omitiu-se a discrepância de avaliações, não se submeteu a compra ao conselho e ainda informou-se o mercado com atraso de meses sobre a efetivação da operação. Houve, portanto, graves infrações às regras do mercado de valores mobiliários, à legislação societária e aos estatutos da companhia, segundo acusações da nova gestão da Brasil Telecom. Entre 2003 e 2004, nas várias transações envolvendo o iG, este noticiário mostrou pontos nebulosos da operação e chamou a atenção para conflitos de interesse. Há, desde 2004, representações feitas pelos fundos de pensão e pela Telecom Italia em relação ao caso mas, até hoje não há uma decisão da Comissão de Valores Mobiliários no sentido de punir o Opportunity.

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