Instalações subterrâneas podem ser parte da solução para postes, afirma Crea-SP

Boulevard do Rádio, em São Paulo, após enterramento de cabos por empresas associadas da TelComp. Foto: Divulgação

O debate sobre enterramento de cabos de energia, Internet, televisão e telefonia sempre surge quando o assunto é planejamento urbano e segurança energética e das redes de telecomunicações. A discussão é acalorada, especialmente agora que discutem-se as diretrizes para regulamentação de postes com a possibilidade de criação de um operador neutro.

Uma alternativa possível, levantada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), seria a instalação subterrânea, o que solucionaria também a interrupção e falhas na rede elétrica ocasionadas pelo rompimento de fios, após intempéries do clima como a enfrentada em novembro por São Paulo. Mas no caso do enterramento, além da complexidade dos projetos, o custo é elevado e não há clareza sobre quem deve fazer os investimentos.

"A resolução total [de ordenamento das redes em postes] é algo muito difícil de se alcançar, mas o prejuízo poderia ser grandemente minimizado com o enterramento dos fios", justifica o coordenador adjunto da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica (CEEE) do Crea-SP, Paulo Takeyama.

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Mesmo com seus benefícios, a média nacional dessas instalações gira em torno de 2%. Em São Paulo, chega-se somente a 0,3%. A tese do atual presidente do Crea-SP e engenheiro de telecomunicações, Vinicius Marchese, é de que isso acontece por limitações financeiras.

"Apesar da vantagem econômica a longo prazo, instalar os fios embaixo da terra tem custos de 8 a 10 vezes maiores porque requer a viabilização de túneis, construção de poços de inspeção e recomposição de calçadas, além de um cabeamento que precisa ser revestido e impermeável. Mas, é possível pensar em alternativas para reduzir custos, como utilizar as vias de transporte do metrô, por exemplo", defende Marchese.

Mesmo a utilização das vias metroviárias exigiria esforços, já que não basta apenas o aproveitamento das galerias: é necessário que o uso faça parte do projeto antes mesmo das escavações, uma vez que é preciso prever o espaço e a infraestrutura para tanto.

Estratégia de longo prazo

Na opinião do presidente da entidade, embora o enterramento total dos fios ainda seja uma realidade distante, trata-se de uma escolha estratégica, já que se devidamente planejado, esse modelo de instalação garante uma resistência maior aos municípios, inclusive aos eventos extremos que vêm acontecendo cada vez mais por conta das mudanças climáticas.

"É preciso considerar que os prejuízos que temos hoje, como interrupção de serviços de telecomunicações por furto de fios, queda de árvores ou falha de postes, poderiam ser evitados com as instalações subterrâneas. Temos profissionais capacitados para viabilizar isso, ainda que dependa, em grande parte, de vontade política", declarou.

O Crea-SP reconhece que o planejamento de toda cidade exige muitos profissionais atuando nas redes elétricas e de telecomunicações, pois há intervenções de Engenharia Civil e de Geologia, quando há o enterramento de cabos, e de Engenharia Agronômica e Florestal, em estruturas expostas e em contato com árvores, além da Engenharia Elétrica e de Telecomunicações.

"Qualquer atividade relacionadas envolve três frentes principais: o poder público, seja municipal ou estadual, com o planejamento e a liberação da atuação profissional; a empresa ou prestador de serviço que vai executar a atividade; e o órgão regulador, que tem o controle sobre esse mercado com o estabelecimento de normas e metas que as empresas e as concessionárias são obrigadas a seguir", explica o presidente Vinicius Marchese.

Para ele, a integração desses agentes todos seria o ponto chave para viabilizar estruturas eficientes e funcionais que atendam às demandas da população e que gerem inovação para tornar a cidade mais inteligente. No momento, Anatel e Aneel discutem novas regras para o ordenamento de redes em postes pelos setores elétrico e de telecom.

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