Nvidia quer dispositivos móveis competindo com consoles de videogames

Quando anunciou a plataforma Tegra K1 em janeiro durante a CES 2014 em Las Vegas, nos Estados Unidos, a fornecedora de processadores Nvidia chamou a atenção para a inevitável equiparação de poderio gráfico de dispositivos móveis e videogames. Com a evolução de smartphones e tablets, a indústria da era pós-PC tem conseguido resultados cada vez melhores em jogos, mas ainda havia um gargalo no poder de processamento. Aparentemente, com o K1, não há mais isso. E as possibilidades vão além de jogos, chegando até a carros inteligentes.

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O chipset ARM integra uma arquitetura de GPU (unidade de processamento gráfico) idêntica à de placas de vídeo GeForce para computadores. Isso significa que o Tegra K1 consegue rodar a Unreal Engine 4, um motor para desenvolvimento de games usado atualmente para criar futuros títulos para PlayStation 4, Xbox One e PCs. A versão anterior desse software, a Unreal Engine 3, foi utilizada tanto para títulos de sucesso em consoles da geração passada, como Gears of War e Batman (série Arkham), quanto para jogos móveis como Infinity Blade.

Na prática, isso significa que o novo chipset da Nvidia vai conseguir rodar jogos com a mesma qualidade gráfica dos consoles PlayStation 3 e Xbox 360, de acordo com o country manager da empresa no Brasil, Richard Cameron Anderson. "Se a gente comparar os quatro núcleos de processamento da GPU, ele é mais poderoso do que o Xbox 360 e o PlayStation 3, mas consumindo 5% de energia que eles consomem", garante.

De acordo com o executivo, os recursos permitirão uma portabilidade mais fácil de versões de jogos de PCs e consoles para a plataforma móvel. "O mais importante avanço do Tegra K1 é justamente porque ele convergiu e colocou uma GPU com a mesma arquitetura de um PC", declara.

Desenvolvedores divulgaram no começo de março um comparativo no aplicativo Atuntu com benchmarks do Tegra K1 nas versões dual-core de 3 GHz e quad-core, mostrando que ambas estariam à frente da atual geração do chipset Snapdragon, da Qualcomm. O handset não foi informado, mas o Antutu revelou que se trata de um handset com 2 GB de RAM e resolução Full HD. A versão quad-core de 32 bits do chipset deverá ser lançada ainda no primeiro semestre, enquanto a dual-core de 64 bits está prevista para a segunda metade deste ano.

Toda essa velocidade e processamento requerem mais da bateria. Richard Cameron garante que o problema de eficiência energética é superado com a arquitetura 4 + 1, já utilizada desde o Tegra 3. Nela, o dispositivo utiliza um núcleo extra para executar tarefas de baixo consumo de energia, com uma velocidade (clock) baixa, desligando os outros cores não utilizados.

Versão brasileira

A Nvidia conta com um programa de parceria para incentivar desenvolvedores na produção de aplicativos otimizados com a tecnologia dos processadores Tegra. "Nossa grande prioridade para este ano é a de estabelecer mais parcerias no Brasil", declara o country manager da empresa no País. "Temos a convicção que o Brasil tem um potencial enorme de exportar games, esse é o sonho da empresa. Aqui tem talento e criatividade, e agora tem iniciativas do governo", diz, citando a portaria 222/2013, que exige a incorporação de aplicativos nacionais em smartphones desonerados pela Lei do Bem.

Além de games

Naturalmente, a ideia é que a indústria passe a utilizar o Tegra K1 não apenas para jogos. Anderson, da Nvidia, explica que o processador permite deixar o recurso de melhoria de fotos HDR (que combina capturas subexpostas e superexpostas) sempre ligado. "A gente criou um recurso que deixa nosso HDR tão rápido que ele consegue fazer foto em 1/30 de segundo", explica. A companhia aproveitou essa taxa para incluir também a captura de imagens em movimento. "Se o vídeo é mais ou menos 24 quadros por segundo, então por que não fazer vídeo em HDR? Foi o que fizemos", explicou. O K1 também é capaz de lidar com imagens em resolução 4K (mas não com HDR ligado), ele revelou.

Outra possibilidade é equipar carros com o processador para o automóvel dirigir sozinho, usando de um conjunto de câmeras para encontrar uma vaga em um estacionamento e ainda fazer a manobra sem assistência humana. "Eu vi uma demonstração de um carro que se autoestaciona: ele (o usuário) para na porta, aperta um botão e o carro sai e vai estacionar. Não é 'park-assist'. Lembra-se da Supermáquina (série dos anos 80 com a Kitt, um carro inteligente)? O Tegra K1 permite isso", declara. O carro poderia ainda enxergar e entender as placas de sinalização na estrada, entender o nível de fadiga do motorista e emitir avisos de segurança.

Outra possibilidade, mais modesta, é usar o componente para implantar painéis inteligentes e personalizáveis, como mostradores de velocidade e tacômetro em cores diferentes e texturas antirreflexivas. Da mesma forma, a central de entretenimento do veículo pode usar o poder de processamento para jogos e vídeos.

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