EUA abordarão teles brasileiras para que não usem tecnologia da China no 5G, diz Faria

Foto: Bruno do Amaral/Pixabay

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirma que conseguiu arquitetar um leilão do 5G sem ter entrado na geopolítica, apesar das restrições a fornecedores na obrigação da rede privativa. Porém, ele voltou a falar que não descarta que, após o leilão, o governo dos Estados Unidos procure as operadoras para tentar fazê-las não usar equipamentos de companhias da China, como Huawei e ZTE.

Ao voltar a explicar que fornecedores não participam diretamente do leilão, Faria afirmou: "Com certeza o governo [dos EUA] vai bater na porta delas no outro dia para que comprem tecnologia de outros", destacou, ressaltando que os norte-americanos não detêm equipamentos de 5G. A afirmação foi dada nesta quarta-feira, 20, durante evento do portal Exame. 

Para Faria, o esforço para adequar as regras do edital do 5G foi no sentido de evitar possíveis disputas judiciais ou questionamentos no Tribunal de Contas da União em uma eventual decisão de impedir fornecedores. 

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O ministro alegou ainda que não tem  para um dos lados da disputa geopolítica. "Não vamos fazer uma escolha e cancelar o outro. A aproximação com os EUA não significa brigar ou cortar relação com a China. Isso fica muito na imprensa, mas a gente sabe da importância da parceria comercial", coloca. Vale lembrar que o presidente Jair Bolsonaro, ou seus filhos (sem cargos oficiais no governo), falou publicamente contra a China por inúmeras vezes, chegando a provocar mal estar com a Embaixada Chinesa

Conversas

O comandante da pasta das Comunicações disse que tentou "vender" o 5G do Brasil para outros países. Ele revelou ainda que voltará a fazer uma viagem internacional: desta vez para a Glasgow, na Escócia, no próximo dia 10, após a realização do leilão, para abordar a tecnologia e "oportunidades" para o País. "Nenhuma agenda eu fui só pra falar de 5G, tem muita notícia ruim lá fora."

Uma das conversas que não necessariamente passam pelo 5G seria com a Starlink, serviço de conectividade por meio de constelação de satélites de órbita baixa (LEO) do bilionário Elon Musk. O ministro diz que a pasta tem sido procurada pela empresa, que estaria "tentando entender o leilão", mas também "interessados em dar internet gratuita para os brasileiros". 

Candidatura

Fábio Faria alega que o Ministério das Comunicações tem uma estratégia de longo prazo, o que inclui "deixar o trabalho encaminhado" com a equipe técnica mesmo em uma eventual saída dele para concorrer a algum cargo nas próximas eleições. "Caso eu seja candidato, eu teria que sair [da pasta] no dia 4 de abril, mas aí vai depender de muita coisa, de conversas com o presidente", declarou.  

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