Acesso remoto a dados das empresas gera polêmica

Entre as grandes reformas que a Anatel está promovendo para tornar mais ágil a tramitação de processos e modernizar a aplicação de punições, a atualização do Regulamento de Fiscalização vinha sendo considerada a menos polêmica. Mas a primeira audiência pública sobre o assunto, realizada nesta sexta-feira, 20, em Brasília, revelou que existem pontos na proposta que ainda perturbam as companhias. O aspecto mais controverso é a intenção da Anatel de acompanhar remotamente as atividades das empresas, criando uma espécie de "Centro de Inteligência" na autarquia.
A inovação tem como objetivo modernizar a atividade de fiscalização, além de preencher lacunas no acompanhamento de serviços de difícil análise sistemática de eventuais infrações. É o caso, por exemplo, do atendimento nas centrais de atendimento, onde hoje a Anatel fica de certa forma refém dos relatórios apresentados pelas empresas para fiscalizar o serviço, uma vez que não há como certificar que todas as ligações foram, de fato, gravadas ou emitidos protocolos ao cliente. "O que nós vamos ter é uma qualidade maior da informação obtida", frisa o superintendente de Fiscalização, Edilson Ribeiro, defensor do projeto.
Mas, para as empresas, o assunto ainda precisa ser mais debatido. Uma das preocupações é com o sigilo das informações que serão monitoradas de forma online pelo futuro Centro Nacional de Sensoriamento Remoto da Anatel. As empresas que estiveram presentes na audiência pública realizada em Brasília mostraram-se bastante inseguras com relação a este aspecto, já que há implicações jurídicas, inclusive criminais, em caso de vazamento de informações dos clientes, sem contar os dados considerados sensíveis de operação das próprias empresas.

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Um dos questionamentos das empresas é se a Anatel tem o direito de fazer esse tipo de acompanhamento contínuo de informações sigilosas. "Nós consultamos diversos advogados e todos apontaram que há indícios de ilegalidade nessa ação", afirmou Jonas Couto, gerente regulatório da Telcomp. A associação fez diversas perguntas sobre o tema à Anatel, quase todas apontando dúvidas sobre quais métodos a Anatel adotará para assegurar o sigilo das informações.
Controle dos dados
O superintendente de Fiscalização garantiu que não há o que temer, pois a Anatel terá um rígido controle lógico e físico do acesso às informações captadas pelo centro de monitoramento. A central de inteligência será instalada na própria sede da Anatel, em Brasília, e a ideia da fiscalização é centralizar em um mesmo espaço físico os diversos sistemas de monitoramento que já estão em funcionamento, como o de monitoramento de espectro e de radiodifusão.
Segundo Ribeiro, a equipe que terá acesso a este andar será bastante restrita, de aproximadamente sete pessoas, e haverá controle por senha e outros dispositivos de segurança no acesso aos sistemas. O projeto de instalação do centro está pronto e em fase de contratação pela área administrativa da Anatel.
Apesar de ser uma inovação no regulamento, a possibilidade de monitoramento online das atividades das empresas já foi alvo de polêmicas no passado, conforme divulgado por este noticiário em 25 de setembro de 2008. Nesta época, a Anatel encaminhou ofício às companhias telefônicas exigindo acesso pleno a uma lista de dados da operação, inclusive informações consideradas sigilosas como as de billing. Sob os protestos das empresas, a Anatel acabou suspendendo a eficácia do ofício e colocando a perspectiva de acesso remoto aos dados no novo Regulamento de Fiscalização.

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