Nextel: estratégia de grupos num mercado de massa

Após arrematar por R$ 1,3 bilhão nada menos que 11 dos 13 lotes da banda H licitados pela Anatel em dezembro do ano passado, a Nextel promete colocar em operação seus serviços de 3G no segundo semestre de 2012, mas com uma proposta diferente: continuar a ser uma operadora de grupos em um mercado de massa.

A ideia, nas palavras do CEO da Nextel, Sérgio Chaia, é trazer o conceito do “Clube Nextel”, que tem sido o mote da comunicação da empresa desde 2008, também para a operação 3G. “Somos promotores de redes de pessoas, e usamos serviços de telecomunicações para conectá-las”, argumenta Chaia ao defender a abordagem diferenciada da Nextel. “Se formos para o 3G como todas as outras, vamos dançar. Elas são muito maiores, têm mais poder e se não tivermos um olhar diferente, a chance de a gente se dar bem é muito pequena”, admite.

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A estratégia da Nextel de venda em grupo com foco no mercado corporativo e profissionais liberais nasceu, na verdade, da limitação regulatória da licença de Serviço Móvel Especializado (SME), com a qual oferece serviços de radiochamada no Brasil desde 1997. A restrição, no entanto, se reverteu em vantagem competitiva na medida em que tornou a Nextel Brasil a operação mais rentável e de maior crescimento da NII Holdings, tanto que recebe sozinha mais de 50% do investimento da holding e apresentou crescimento de 17 vezes no faturamento nos últimos sete anos, encerrando 2010 com o montante de US$ 2,59 bilhões.

Embora a licença de 3G derrube as restrições de venda da Nextel, o foco continuará apenas no segmento pós-pago. Mas isso não necessariamente significa que a Nextel não trabalhe com a possibilidade de formatar planos pós-pagos para segmentos da classe C. Chaia conta que atualmente cerca de 15% das vendas da Nextel são para clientes que antes possuiam telefones pré-pagos.

“Nossa rede é um organismo vivo, que cresce de dentro para fora. 70% dos nossos novos clientes vêm por indicação da nossa base atual ou já é um cliente que decide comprar mais um aparelho; apenas 30% vêm de prospecção pura”, justifica Chaia.

E se engana quem pensa que a Nextel abandonará sua tecnologia de rádio iDEN. A empresa integrará os serviços de ambas as redes, iDEN e 3G, em uma única operação. Para isso, trabalha no desenvolvimento da tecnologia proprietária high performance push-to-talk (HPTT) over 3G, para que os novos clientes de 3G possam falar por rádio com os que tiverem aparelhos iDEN. Mais que isso, Chaia acredita que ainda há mercado para empresas que querem apenas o rádio, e não precisam de dados móveis ou estão bem atendidos com a conexão iDEN, que embora seja de baixa velocidade, tem confiabilidade para aplicações como micropagamentos ou emissão de pedidos.

Estratégia operacional

De acordo com o vice-presidente de assuntos corporativos e novos negócios da Nextel, Alfredo Ferrari, a rede da Nextel está sendo pensada e construída de forma gradual. “Não nos interessa fazer ‘mercados-ilha’, apenas em capitais. O que é importante para o nosso cliente é ter cobertura em rodovias, em cidades do interior. Estamos investindo em uma rede robusta, para entregar qualidade, e fazer uma cobertura muito maior do que a regulamentação da Anatel exige”, promete Ferrari.

Para tanto, a empresa planeja investir pelo menos R$ 5,5 milhões nos próximos cinco anos, a serem aplicados nas redes iDEN e 3G. O montante será financiado por um mix entre caixa próprio da Nextel Brasil, financiamento dos fornecedores de rede e ainda empréstimos bancários. O fornecimento dos equipamentos e serviços das redes 3G da Nextel no Brasil e México está sendo feito pela Huawei. A expectativa da operadora é, até 2015, triplicar sua base de usuários, que hoje ultrapassa 3,7 milhões de clientes.

A operação, que tem lançamento previsto para o segundo semestre de 2012, será iniciada pelas 386 cidades em que a Nextel já possui cobertura iDEN, reaproveitando as mais de 3,5 mil estações radiobase (ERBs) instaladas da empresa. Até o final de 2011, outras 1,5 mil ERBs devem ser implantadas e a operadora espera ter cobertura nacional dos serviços 3G em 2013.

Há regiões em que o planejamento de rede ainda está sendo realizado e não está descartada uma parceria para uso da rede da Telebrás em determinadas áreas.

No momento, 500 profissionais estão dedicados à implantação da rede 3G no Brasil e a expectativa é contratar outros 500 profissionais até o final do ano, que se somarão aos atuais 6,1 mil colaboradores. “Nosso compromisso com o Brasil é gerar 34 mil empregos diretos e indiretos no País até 2017 com a operação 3G”, afirma Ferrari.

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