Cisco vê clientes 'cautelosos' para investimentos diante de incertezas

Em linha com as demais gigantes fornecedoras de equipamentos de telecom, a Cisco notou clientes mais "cautelosos" para a novos investimentos diante a um cenário de incertezas, de acordo com o presidente da empresa do Brasil, Ricardo Mucci. 

Nesta quinta-feira, 18, ele e outros executivos participaram de evento em São Paulo para comemorar os 30 anos da empresa no País. 

Aos jornalistas, Mucci explicou que, entre 2022 e 2023, houve uma forte demanda das empresas para atualizar os ambientes corporativos no pós-pandemia. O movimento representava uma mudança na dinâmica de negócios até o momento, marcado pela pouca relevância em investimentos dessa natureza. 

Notícias relacionadas

"Eles voltaram e disseram: 'ei, tenho que me apressar. Tenho que crescer. Tenho que atualizar meu ambiente'. Então, o que vemos hoje é que não estamos naquele mesmo caminho de crescimento. Com certeza os clientes estão mais cautelosos, para entender melhor o que está acontecendo", afirmou Mucci.

O cenário desafiador relatado pelo principal executivo da companhia norte-americana no Brasil tem afetado outras gigantes do setor globalmente. No primeiro trimestre de 2024, a Ericsson registrou queda de 15% nas vendas, enquanto a Nokia fechou com recuo de 20%

O presidente da Cisco Brasil declarou, contudo, que a empresa teve "ótimos" resultados nos últimos trimestres no País. "Não posso falar sobre os resultados, mas posso dizer que tivemos ótimos resultados no último ano e no primeiro semestre deste ano fiscal", disse. O ano fiscal da Cisco se encerra em julho. 

Negócios globais

O vice-presidente sênior de parcerias e pequenas e médias empresas (PMEs) da Cisco, Rodney Clark, afirmou que os problemas com excesso de estoque identificados com produtos de telecomunicações no segundo trimestre fiscal, finalizado em fevereiro, estão sendo solucionados.

"Enquanto avançamos para o próximo trimestre, vemos um caminho para limpar isso e não ser mais tanto um problema", afirmou aos jornalistas. Naquele trimestre, a empresa encerrou com queda de 6% nas receitas, totalizando US$ 12,8 bilhões. "[Mas] vemos isso melhorando e começando a se normalizar."

Para elevar a lucratividade, a Cisco tem investido tanto em serviços de infraestrutura de rede para operadoras e empresas, quanto em serviços gerenciados. "Do ponto de vista da lucratividade, muitos de nossos provedores, integradores, têm se voltado para os serviços para que possam começar basicamente a construir essas práticas", acrescentou o executivo.

"Tivemos muito sucesso nesse sentido. Foram mais de 3.500 serviços gerenciados que empregamos para ajudar a construir fluxos de receita adicionais para nossos parceiros, apoiando uma área de investimento também para eles", disse Clark.

América Latina

Na América Latina, a companhia ainda tem crescido de forma sólida por conta da recuperação após a escassez de produtos durante a pandemia, afirmou Laércio Albuquerque, vice-presidente da Cisco para a região. O executivo disse que, agora, é necessário fazer a implementação desses dispositivos. "Então, a Cisco continua num ponto bom de reconhecimento. Ela tem seguidores e vai se redistribuindo melhor", afirmou. 

Com a finalização da aquisição da empresa de software e big data Splunk, em março, por US$ 28 bilhões, Albuquerque também diz que a companhia ganha em integração nas vendas com outras verticais e traz uma nova fonte de receitas recorrentes para a operação.  

"Aqui tem uma grande mudança também de estrutura. Não só o contato, mas uma estrutura entre software, hardware e serviços. Tem muita mudança e uma integração muito maior nessas vendas", afirmou.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!