Qualcomm pede harmonização de faixas na América Latina

Para atender ao crescimento da banda larga móvel previsto para os próximos anos, a América Latina precisa liberar rapidamente mais espectro, de preferência de maneira harmonizada, ou seja: as mesmas faixas para as mesmas tecnologias em todos os países. Essa foi a mensagem principal transmitida pelo vice-presidente sênior para assuntos governamentais da Qualcomm, Bill Bold, em uma teleconferência internacional realizada com jornalistas nesta quinta-feira, 17. "Hoje é uma colcha de retalhos (a divisão de espectro na América Latina). A indústria consegue trabalhar com múltiplas bandas e prover roaming. Mas cada freqüência a mais gera um aumento no custo", disse o executivo.

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Para a quarta geração (4G) de telefonia celular, a Qualcomm recomenda o uso de duas faixas principais: 2,6 GHz e 700 MHz. A primeira serviria para banda larga em alta capacidade em grandes centros urbanos, enquanto a segunda atenderia ao propósito de ampliar a cobertura. Paralelamente, a empresa sugere que os países latino-americanos liberem a freqüência de 450 MHz para banda larga rural usando a tecnologia CDMA, em que a  Qualcomm detém tecnologia. Essa faixa, por ser mais baixa, permite um alcance maior, tornando-a propícia para o atendimento de regiões com menor densidade populacional. Essas três freqüências gerariam um incremento de aproximadamente 300 MHz para mobilidade na América Latina. Atualmente, os países da região contam com algo entre 260 MHz e 345 MHz para serviços móveis. A União Internacional de Telecomunicações (UIT) recomenda que em 2020 cada país dedique entre 1280 MHz e 1720 MHz para essa finalidade. Para chegar mais perto dessa meta, Bold levantou ainda a possibilidade de a América Latina usara também a faixa de 2,3 GHz.

1800 MHz

A respeito da utilização da frequência de 1800 MHz para LTE, opção que é estudada por algumas operadoras brasileiras, Bold alertou que talvez os blocos dessa faixa não sejam grandes o suficiente para essa finalidade. O executivo entende que seria melhor aproveitar para o 3G as freqüências que hoje atendem ao 2G.

Bold elogiou a atuação dos órgãos reguladores do Brasil e da Colômbia, que considera bastante pró-ativos na liberação de mais espectro para telefonia celular na região. "A indústria e os governos devem trabalhar em conjunto, senão seremos vítimas do nosso próprio sucesso", disse o executivo, referindo-se ao aumento explosivo da banda larga móvel no mundo e a iminente falta de espectro para acompanhar a demanda no futuro.

Análise

A Qualcomm sempre teve uma participação bastante ativa nas discussões de âmbito regulatório na telefonia celular na América Latina, desde os tempos do 2G, quando se esforçava para fomentar o uso do padrão CDMA. Os fabricantes do padrão GSM, que antes eram seus adversários, agora são parceiros. O objetivo atual é garantir o máximo de espectro para serviços móveis em LTE, para o qual a Qualcomm produz chipsets. Do outro lado estão as radiodifusoras, que querem manter parte do espectro de 700 MHz em suas mãos, e empresas que ainda defendem o uso do WiMAX, tecnologia que, contudo, vem perdendo fôlego mundo afora. Ao lado da Qualcomm na pressão por mais espectro estão, obviamente, as operadoras celulares e os fabricantes de infraestrutura, assim como as entidades que os representam, especialmente a GSM Association e a 4G Américas.

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