O principal objeto do depoimento da ex-presidente da Brasil Telecom, Carla Cico, à CPI dos Correios nesta quarta, 16, acabou sendo o contrato com a empresa de investigação Kroll. Carla Cico admitiu que contratou a empresa, ?para fazer levantamentos de informações sobre a Telecom Italia?. O mais surpreendente do depoimento foi a executiva ter admitido que orientou a Kroll a "ser discreta" ao passar informações sobre as investigação para a nova diretoria da BrT, nomeada depois da destituição do Opportunity. ?Fui orientada pelos nossos advogados no exterior a recomendar à Kroll manter essas informações sob sigilo, mas tenho certeza de que isso pode ser resolvido com um contato entre advogados?, disse a ex-executiva, sem explicar de quem são os advogados que deram esta orientação. A resposta foi dada a um questionamento do relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB/PR), que se baseou em reportagem do jornal Folha de S. Paulo, reproduzindo email com ordem de Carla Cico para que a Kroll suspendesse o envio de informações. Posteriormente, questionada pelo deputado Dr. Rosinha (PT/PR) sobre os relatório que recebia da Kroll, Carla Cico disse que os documentos ficaram todos com os advogados nos EUA porque ?pensávamos em entrar com uma ação contra a Telecom Italia no exterior?. Disse ainda que nem sempre recebia relatórios por escrito da Kroll, que era ela o principal contato com a empresa de investigação.
Gravação
Carla Cico admitiu que teve acesso a uma gravação registrando uma reunião entre os executivos da Telecom Italia e o ex-presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, mas disse que não houve ordem da Brasil Telecom para que investigasse personagens políticos, e que o ?Sr. Casseb apareceu na investigação porque se reuniu com a Telecom Italia?. Ela disse ?ter quase certeza? de que a Brasil Telecom não contratou o escritório de investigação do israelense Avner Shemesh, acusado pela Polícia Federal de investigar jornalistas a pedido de Carlos Rodemburgo, diretor do Opportunity. Nesse momento, Carla Cico disse não ter informações sobre os jornalistas investigados pelo israelense, especificamente o jornalista Paulo Henrique Amorim, que disse inclusive desconhecer. O relator Osmar Serraglio, que classificou a atividade da Kroll como ?arapongagem?, lembrou a ex-executiva que ela mesma teve um almoço com Amorim em 2003, ocasião que ela diz não se recordar.
Carla Cico disse que o contrato com a Kroll começou em 2003 e foi encerrado em 2005, ?depois que se chegou a um acerto com a Telecom Italia para o fim dos conflitos?. Pelo contrato, Carla Cico diz que a Brasil Telecom pagava em média US$ 250 mil por mês, com pagamentos no exterior. A executiva disse se recordar de apenas uma reunião realizada entre a Kroll, a Brasil Telecom e Daniel Dantas, do banco Opportunity. Mas quando foi questionada pelo deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL/BA), disse que houve vários contatos, após 2004, entre o Citibank e a Kroll, citando encontros de Paulo Caldeira e Mike Carpenter, executivos da área internacional do Citibank. Perguntada pelo deputado Dr. Rosinha, então, sobre quem discutia com ela os relatórios da Kroll quando os recebia, Carla Cico foi evasiva.