Internet das Coisas e a vantagem de ser um 'early adopter'

Eduardo Massaud, da NTT Data

As empresas que possuem em sua agenda a automação e otimização de processos certamente avaliam a adoção de IoT (Internet das Coisas). Afinal, a tecnologia traz benefícios que, com a chegada do 5G, podem finalmente ser aproveitados em todo o seu potencial, reduzindo custos e aumentando a eficiência. Entretanto, o entusiasmo inicial da equipe técnica muitas vezes para diante das famosas perguntas de qualquer CFO: quanto vai custar? O investimento se paga? Qual é o payback? 

As respostas estão longe de serem simples. Um conselho inicial é: não analisar o investimento para um único caso de uso. Cair nesse erro levará à inevitável conclusão de que o montante a ser investido será alto demais – e não será justificado.

Deve-se analisar o investimento levando em conta todo o potencial de conectividade que pode migrar para a rede 5G. Afinal, ela proporciona altas taxas de dados e baixíssima latência, o que permite que ela concentre toda a conectividade da empresa, o que amplia o seu uso. Analisado sob esse prisma, o investimento passa a ser mais facilmente justificado. 

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O alvo das análises deve ser o benefício total a longo prazo e a possível integração de todos os sistemas. Atualmente, os diversos sistemas desagregados que existem nas corporações representam um alto custo de manutenção, possuem alto custo de evolução e requerem treinamento de diversas pessoas para suas operações. Além disso, possuem diversos pontos de falha. Concentrar tudo num sistema único, redundante, robusto, tende a trazer grandes benefícios a integração dos processos dentro das empresas e a sonhada evolução para a Industria 4.0.

É importante reforçar: a implementação dos casos de uso de IoT para otimização de processos tem de ser encarada como uma jornada e não apenas um projeto isolado. Observa-se que as empresas vitoriosas nessa jornada são aquelas que têm um suporte "top-down" ou seja, que venha do "C-level" e não se limite à área de TIC. 

Além disso, essa jornada deverá ter etapas muito bem planejadas, mas sem estarem presas a prazos e processos fixos. Inovar é uma atividade incerta. Ajustes fazem parte do processo. Atrasos e custos extras eventuais devem, portanto, não ser um empecilho à busca do resultado. Lidar com percalços e insucessos faz parte de qualquer processo inovativo. Mas isso não deve tirar o ânimo das empresas. A alternativa de se manter estática sem buscar a inovação é ainda pior: quem não investir para se tornar de fato uma indústria 4.0 irá perder competitividade – e o risco de desaparecer é imenso.

Esperar que outras empresas façam esse "trabalho duro" e indiquem um caminho mais seguro tampouco deve ser a "estratégia" adotada. As vantagens de ser um early adopter, ou seja, atuar na vanguarda, são inúmeras. Podemos citar quatro: 

  • Competição reduzida: ao dar o primeiro passo em direção à redução de custos, a sistemas mais eficientes na produção de melhores produtos, essas empresas ganham um tempo de vantagem para atacar o mercado e ganhar "market share"; é o que se convencionou chamar de "buscar o oceano azul", ou seja, criar uma vantagem competitiva que tirará competidores do mercado;
  • Incremento de receita: empresas inovadoras ganham "market share" e, em consequência, aumentam suas receitas. Também deve ser ressaltado que a empresa que fizer isso tornará a si e ao seu produto referência de mercado e conquistará a reputação de inovadora, estando no "top of the mind" de seus consumidores;
  • Maior apelo na mídia: Ter grande participação de mercado e um produto inovador facilita o marketing "boca a boca", o que reduz os custos de marketing tradicional. Especialistas sabem há tempos que a melhor propaganda é a feita espontaneamente pelos clientes, que passam a se tornar fãs e embaixadores da marca;
  • Crescimento continuado: superar os riscos e custos de ser um "early adopter" – e tomar a dianteira de mercado – cria um círculo virtuoso de: mais receitas, mais inovação e mais vantagens competitivas em relação aos concorrentes.

As oportunidades para enveredar por esse caminho e liderar o processo de inovação são inúmeras. Basicamente, todas as indústrias têm "dores" – problemas – que podem ser tratadas a partir de casos de uso de IoT. Existem casos de uso já implementados nas empresas de praticamente todos os setores, como energia e infraestrutura, óleo e gás, varejo, financeiro, saúdo, seguros, agronegócio e telecomunicações. 

Para implementar esses casos de uso, as empresas precisam ter ou buscar parceiros que tenham domínio em alguns pilares da automação: conectividade (5G/4G); inteligência artificial (IA); gêmeos digitais; AR/VR/MR (realidade aumentada, virtual e mista); domínio de clouds públicas e privadas e soluções de video analytics. Boa parte dos casos de uso podem ser implementados com o uso dessas tecnologias ou um mix delas. 

Após, é preciso executar um bom planejamento para o ambiente inovativo prosperar e colocar esse plano em prática. A coragem de aceitar o risco do erro, a persistência e o foco na inovação são os diferenciais que as empresas precisam para percorrer essa jornada rumo à indústria 4.0. Certamente, as que saírem na frente terão maior probabilidade de vencer a corrida pela liderança de mercado e pela perpetuação num ambiente cada vez mais competitivo.

* Sobre o autor – Eduardo Massaud é diretor de telecom da NTT Data. As opiniões expressas nesse artigo não necessariamente refletem o ponto de vista de TELETIME.

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