Queda em telecom no Brasil afeta resultados da Furukawa na América Latina

Foad Shaikhzadeh, CEO da Furukawa Electric LatAm

A redução na demanda por parte dos provedores de banda larga também está afetando de forma expressiva a operação local da Furakawa. Como alternativa para reduzir os danos, a multinacional tem apostado mais no mercado latino-americano, que possui uma infraestrutura ainda a ser renovada em comparação com a brasileira. 

Para se ter ideia, a companhia deve reportar, até o final de maio, uma receita na América Latina de R$ 1,7 bilhões no seu ano fiscal, entre 1º de abril de 2023 a 31 de março de 2024. O patamar representa uma redução de 32% em comparação ao ano anterior, sendo que 80% do recuo é oriundo do mercado de telecom, puxado pelo Brasil. Esta será a primeira vez em 20 anos que a empresa terá queda de faturamento na região. 

"Todas as empresas que se prepararam para o pós-pandemia sofreram com sobreprodução. Havia vendas no mercado nacional acontecendo em todo lugar, e se antecipou a demanda. Então, as operadoras estocaram o material", afirmou Foad Shaikhzadeh, CEO da Furukawa Electric LatAm, em entrevista coletiva com jornalistas nesta quinta-feira, 16.

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Outra dificuldade atual é que muitas das redes construídas durante o isolamento social estão pouco ocupadas, o que é mais um ponto negativo sobre a demanda por equipamentos.

"Muitas operadoras comentam que têm ocupação abaixo de 10% ou 15% das redes que foram construídas, além das redes sobrepostas", disse Celso Motizukui, gerente geral da Furukawa Electric LatAm. Em paralelo, a fornecedora (que produz no Brasil) também tem preocupações com a concorrência de players chineses. 

A Furukawa é mais uma fabricante de equipamentos a abordar o excesso de estoques e redução no ritmo de investimentos pelos provedores. Nesta semana, fornecedores de outros elos da cadeia de banda larga como Padtec e WDC reportaram recuo nas vendas em razão do momento. 

Diversificação

Agora, a expectativa da Furukawa é que o mercado volte a crescer entre o final de 2024 e 2025. Enquanto esse movimento não se concretiza, a alternativa tem sido explorar as possibilidades em nações como México, Chile, Peru e Colômbia, onde a empresa tem uma estrutura de anos.

"Em regiões como o México e os países andinos, a infraestrutura está atrasada em relação ao Brasil. Então, temos diversos projetos de telecom", afirmou Shaikhzadeh. No México e Chile, especificamente, a Furukawa trabalha na construção de data centers. 

"Há os data centers hyperscalers, mas você tem também os data centers de edge", disse, em referência às infraestruturas que permitem às empresas disponibilizar um suporte eficiente com baixa latência. "Não adianta ter fibra se o meu ISP não oferece um serviço melhor, com data center local que ajuda no streaming de vídeo."

Esta reportagem foi atualizada para correção do faturamento da Furukawa*

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