Um dos fatores importantes que pesam negativamente sobre a operação brasileira da Furukawa é a concorrência de players chineses. Na avaliação dos executivos da multinacional japonesa de equipamentos e cabos ópticos, a disputa é encarada como desleal.
De acordo com Foad Shaikhzadeh, CEO da Furukawa Electric na América Latina, a China produzia cerca de 400 mil quilômetros de fibra óptica. A queda no setor ao longo dos últimos três anos levou a segunda maior economia do mundo a produzir em torno de 200 mil quilômetros e a exportar o excedente para outros grandes centros, casos do Brasil e do continente europeu.
"Na Europa, eles colocaram uma medida de proteção, entre 35% a 37% (de sobretaxa) dependendo da área, e hoje é de 75%. Nos Estados Unidos, o Build America, Buy America (BABA) foi ainda mais radical: eles só permitem conteúdo produzido no país", afirma o CEO, em alusão ao programa que incentiva a produção de matéria-prima norte-americana.
Como possui indústria nos EUA, a companhia não teve de lidar com a presença dos fabricantes chineses por lá.
Neste sentido, a análise é de que as indústrias da China têm liquidado seus estoques nos últimos meses, afetando o segmento no Brasil. Shaikhzadeh explica que, enquanto o quilômetro da fibra é negociado por indústrias locais por entre US$ 5 a US$ 6, os players chineses oferecem o mesmo produto a um preço entre US$ 2,5 a US$ 3.
Segundo o executivo, esse processo teria levado ao fechamento da fábrica da Prysmian, multinacional italiana, em Sorocaba (SP), anunciado na última semana. "Se a diferença de preço for 15 a 20%, em qualquer lugar do mundo você compra de um fabricante local por conta da logística. Mas não é isso", diz o executivo.
"Nós queremos entender a política industrial do governo brasileiro. O Brasil é um país que, independente do governo, sempre privilegiou a indústria nacional. Como brasileiro, olhando o que está acontecendo lá fora, não entendo porque o governo ainda não tomou uma decisão", finalizou.