Foi lançado nesta quinta-feira, 15, o projeto OpenCare 5G, iniciativa do Instituto de Radiologia (InRad) do Hospital das Clínicas de São Paulo que busca montar pilotos para utilização da tecnologia com aplicação de saúde conectada. Na ocasião, foi demonstrada uma rede privativa na faixa de 3,5 GHz usada para a realização de exames de ultrassom, com envio de imagens em tempo real. O projeto é coordenado pela Deloitte e tem a participação do Itaú Unibanco, Siemens Healthineers, NEC, Telecom Infra Project (TIP), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
O projeto traz a tecnologia de Open RAN, na qual a japonesa NEC atua como integradora. Por conta da arquitetura desagregada é que foi possível que a iniciativa tenha conseguido retomar o OpenCare 5G. O prazo original da primeira fase do OpenCare 5G era para março deste ano, como noticiou TELETIME. CTO Latam da NEC, Roberto Murakami explicou em coletiva de imprensa que a crise mundial na cadeia de fornecimento de semicondutores trouxe impacto. "Tivemos atrasos na compra de equipamentos", coloca, adicionando ainda que a característica de inovação também trouxe o elemento
Esses atrasos permitiram usar então rádios alternativos, uma vez que a arquitetura de rede de acesso aberta traz essa característica. "Com hardware de prateleira, se não estávamos conseguindo pegar de primeira, então pegamos outro", adiciona a coordenadora do programa, Marcia Ogawa, da Deloitte. A empresa de consultoria convidou os parceiros, como a ABDI e o TIP, para participar do projeto, incluindo para o financiamento, enquanto o Hospital das Clínicas entrou com o "capital intelectual". "Hoje tem o funding das empresas para montar o piloto e colocar o projeto funcionando. O BID também vai ter o seu papel, estamos negociando, mas nesta fase ainda não financiou", declarou.
Mais cedo, durante painel no evento de lançamento, a assessora da presidência da ABDI, Marcela Carvalho, explicou que a agência de desenvolvimento buscou um projeto de Open RAN. "Para nós é extremamente importante para a diversificação dos atores envolvidos. Quando a gente fala em ecossistema e amadurecimento, falamos diretamente na democratização do 5G", comentou.
Core e edge
Um ponto importante é que o OpenCare 5G vai utilizar um core de rede 5G feito pelo Itaú (com equipamentos Cisco, Dell e HP), utilizando a infraestrutura de data centers do banco. Segundo o superintendente de TI da instituição financeira, Augusto Dantas Nellessen, a opção da rede privativa teve como objetivo a "liberdade para a fazer a nossa rede indoor, sem depender a princípio de empresa de telecom A, B ou C". O executivo explica que a empresa conta com 6 mil data centers, uma vez que cada agência é considerada um desses centros, ainda que em forma reduzida. "Vamos testar com e sem o edge computing. Se a latência de 10 ms afetar a aplicação, teremos o elemento. Mas o edge poderá estar em uma agência de uma cidade ou região próxima", coloca.
Mas uma parceria com teles não está descartada. "No futuro, haverá a opção de ter operadora. Apenas privadamente não se conseguirá cobrir todos os casos, e só publicamente também não. Será uma combinação dos dois", completa Roberto Murakami, da NEC. Para o piloto foi obtida a licença de serviço limitado privado (SLP) com banda de 100 MHz na faixa de 3,5 GHz no ambiente do HC. A conectividade é feita com terminais fixos-móveis (FWA) ponto a ponto.
A ideia é que o projeto seja expandido para outras localidades, aproveitando-se a infraestrutura do Itaú para o core distribuído. No momento, estuda-se implantar uma das pontas na cidade do sul do interior paulista Itapeva, mas há o desejo dos organizadores de ampliar para outras cidades do estado de São Paulo. Em um momento mais adiante, a região Norte deverá ser contemplada.