Com o 5G a caminho e a promessa de ganhos de produtividade, o mercado espera a regulação da Anatel para redes privadas e para o uso de espectro em caráter secundário. Para subsidiar essas decisões, a agência assinou em novembro um acordo de cooperação com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABID), com a qual está elaborando um relatório técnico. Agora, a expectativa é que a minuta do ato seja colocada em consulta pública em breve.
As informações vêm de dois projetos piloto da Anatel com a ABDI em Jaraguá do Sul/SC em parceria com a V2COM WEG, a Claro, Ericsson e Nokia: um com padrão standalone e outro não standalone. Conforme mencionou a assessora da presidência da ABDI, Marcela Carvalho, durante o evento online Teletime TEC nesta segunda-feira, 24, trata-se do primeiro projeto piloto, com foco em indústria.
"Os relatórios dos pilotos servirão não só para que a Anatel possa confirmar premissas, mas também os aspectos de viabilidade econômica para redes privadas 5G por conta de casos de uso, com relação custo-benefício", destacou ela no evento promovido por TELETIME e que vai até a terça-feira, 25.
Esse relatório será público e terá aspecto técnico, comparando as redes SA e NSA, apontando dificuldades encontradas, como questões inerentes à indústria, e não necessariamente à tecnologia. Assim, Carvalho espera que sirva também como um "caminho das pedras" para que empresas avaliem as possibilidade de ganhos de produtividade.
Piloto
Segundo o CEO da V2COM WEG, Guilherme Spinna, as duas redes do projeto piloto em Jaraguá do Sul operam no mesmo ambiente privado. A não standalone utiliza a rede da Claro e equipamentos da Ericsson, desta forma conectando-se ao core de rede 4G. A faixa utilizada é a de 3,5 GHz, com licença de caráter experimental.
Conforme explica o executivo, os técnicos da Anatel fazem os cálculos teóricos para que a potência utilizada na faixa do SLP não cause interferência em outras redes, procurando o "ponto ótimo". "Estamos pegando os parâmetros da Anatel e verificando o desempenho da rede, e também utilizando o experimento para desenvolver casos de uso que podem gerar valor para a indústria", afirma.
Já no modelo da rede standalone, a rede privativa é operadora e tem equipamentos da Nokia. "Já tem infraestrutura virtualizada, todo o software que controla a rede está em um PC, um servidor x86, que está configurado, e temos uma saída para a Internet por fibra", conta. Neste caso, a companhia utilizou a faixa de 3,7-3,8 GHz, destinada ao serviço limitado privado (SLP). A Anatel estuda a possibilidade desse espectro não precisar de licitação.
Guilherme Spinna diz que a tecnologia NSA pode trazer alguma perda de desempenho, como na latência, mas com custo menor. "Depende da estratégia que a operadora está usando. Quando ela quer que tenham a mesma performance da rede standalone, consegue fazer, mas tirando recurso de outro lugar, sem muita margem. A rede é mais barata de implantar, mas depois tem a contrapartida de ter que compartilhar recursos com rede pública."