Opportunity e italianos usam fatos no Brasil como argumento em Londres

Chegam a ser absurdos os contornos adquiridos pela disputa entre Telecom Italia (TI) e Opportunity em relação ao direito de volta do grupo italiano ao controle da Brasil Telecom. A justiça carioca decidiu manter nesta quarta, 15, o agravo de instrumento da 14ª Câmara Cível impedindo a Telecom Italia de retornar à operadora fixa. É uma decisão em caráter liminar expedida pelo desembargador Edson Scisinio, que ainda carece do julgamento de mérito, mas que será usada pelo Opportunity como reforço para suas teses na Câmara Arbitral de Londres, onde corre o processo de arbitragem sobre o mesmo assunto. O grupo de Daniel Dantas diz que se a Telecom Italia retornar ao bloco de controle, estaria configurada uma situação de desrespeito à legislação de telecomunicações que prejudicaria os interesses da própria BrT. Isso apesar das decisões da Anatel, Cade e CVM permitindo a volta dos italianos, desde que respeitadas condições severas, como a não indicação de diretores nem participação em decisões estratégicas referentes à operação móvel.
Por outro lado, a Telecom Italia, na mesma instância arbitral, argumenta com o fato de o Opportunity ser a voz em defesa da operadora sem ter mais poder para isso. Desde que foi destituído da gestão do CVC/Opportunity Equity Partners LP, o Opportunity se sustenta apenas na burocracia e nos trâmites legais para controlar as empresas. Não tem mais o poder econômico. Pesam ainda contra o Opportunity as investigações da Polícia Federal na Operação Chacal. Sabe-se que o indiciamento de Daniel Dantas e de Carla Cico como mentores da operação de espionagem contra a Telecom Italia, autoridades e outros personagens da disputa. Carla Cico, entretanto, não se abala por isso. Ao ser inquirida na corte de Londres sobre o tema, a presidente da operadora teria admitido que a Kroll continua a investigar a Telecom Italia, já que o contrato por ela assinado para esse fim não foi revogado por nenhuma das partes.
De todo esse imbróglio depende a forma como a Telecom Italia sairá do processo. É certo que o grupo italiano já mantém conversas com o Citibank e fundos de pensão, e que a briga com Dantas passou a ser uma questão secundária. Mas a Telecom Italia precisa estar juridicamente protegida para poder negociar em boas condições, e o Opportunity faz o que pode na Justiça para contestar as decisões das autoridades administrativas brasileiras.

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