O agora ex-presidente da Telebras, Caio Bonilha, detalhou nesta quarta, 15, as razões que o levaram a deixar a companhia. Alegando motivos "pessoais e profissionais", Bonilha preferiu não esperar o fim do mandato em abril para se despedir da Telebras.
No campo das razões de ordem pessoal, o executivo diz que já estava cansativa a rotina de passar a semana em Brasília, longe da família, que mora em Campinas. "Trabalhei nos últimos 15 anos como consultor, que é uma vida diferente dessa que eu tive aqui em Brasília. Em uma empresa com ação em bolsa, você está sempre no fio da navalha", afirma ele.
Bonilha diz que a empresa encerrou um ciclo com a consolidação do backbone nacional, que vai chegar a 25 mil km até o fim do ano. Também na sua gestão foi dado início à construção do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação Estratégica (SGDC) e o governo federal, através de um decreto, dirimiu todos os questionamentos acerca da contratação da empresa por órgãos públicos sem licitação. Além disso, a Telebras formalizou o acordo com a IslaLink para o lançamento de um cabo submarino entre Brasil/Europa e com a Angola Cables para conectar o País diretamente à África.
No campo da estrutura interna da empresa, Bonilha menciona a criação de um plano de carreira para o servidor, a contratação de novos servidores a partir de concurso público e a implantação do software de gestão empresarial SAP.
"Achei uma boa hora para fazer a transição. A Telebras está encerrando um ciclo e iniciando outro. Todo esse projeto prossegue agora com uma empresa mais consolidada", afirma ele.
Agora um dos grandes desafios da companhia é implantar a infraestrutura para transmissão dos jogos da Copa para as redes de TV nas seis cidades-sede que não fizeram parte da Copa das Confederações. "Já implantamos acredito que 75% das obras da Copa; o grande aprendizado foi a Copa das Confederações", diz ele.
Como se sabe, a Telebras é o veículo do governo brasileiro para honrar um dos compromissos assumidos junto à Fifa, neste caso o de prover a infraestrutura necessária para a transmissão das imagens para as redes de TV. Bonilha diz que esse contrato junto ao governo federal "é muito grande", embora não tenha os valores ainda. Com o contrato para a Copa, a perspectiva da Telebras é de que 2014 possa ser o ano em que a empresa atingirá o equilíbrio operacional, ou seja, terá despesa igual a receita.
Outra fonte de recursos que também deverá se tornar mais consistente é a prestação de serviços ao governo. Segundo o presidente interino, Francisco Ziober Filho, até o final do mês a Telebras, o Serpro e a DataPrevi concluem o planejamento de como será o atendimento a esses órgãos. Ziober também menciona que está prevista para o ano a abertura de mais sete escritórios regionais, que têm o objetivo de aproximar a empresa dos provedores do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), além de absorver os servidores aprovados no concurso do ano passado.