Apesar da presença ainda esmagadora de aparelhos mais simples sem recursos de Internet (chamados de feature phones), o mercado de telefonia móvel vem passando por uma revolução com os smartphones, que apontam como o futuro para o setor, mesmo em países em desenvolvimento como o Brasil. Por isso a aposta da fabricante de semicondutores taiwanesa MediaTek no segmento de aparelhos inteligentes é considerada como um avanço natural no País, principal foco estratégico da empresa na América Latina, ao lado do México. Na verdade, segue também o interesse da indústria de handsets, que recentemente observou a entrada de players locais com tradição em eletrônicos, como Positivo, CCE e Gradiente.
Não que uma área anule a outra. A MediaTek já conta com uma forte presença no Brasil com os feature phones, com 30% de market share estabelecido com as operadoras TIM e Vivo e com marcas como Motorola, LG, Huawei, ZTE e Alcatel. Agora a estratégia é ganhar mais terreno. "O que estamos querendo no futuro é repetir o nosso sucesso, agora com smartphones", explica o diretor de marketing e desenvolvimento corporativo para a América Latina da companhia, Russ Mestechkin. "Queremos ver o mesmo sucesso de crescimento, energia e oportunidade na região", diz.
Uma das estratégias iniciais da empresa foi investir no desenvolvimento de hardware adaptável para a realidade de uso brasileira. A companhia foi uma das primeiras a fornecer chipsets para aparelhos capazes de lidar com dois ou mais SIMcards, permitindo ao usuário utilizar a operadora (e a rede) que mais bem atende à necessidade no momento, economizando com as ofertas on-net. Mesmo com a mudança de regras de interconexão prevista pelo Plano Geral de Metas de Competição (PGMC), a empresa não considera que a venda de handsets multichips vá esfriar tão cedo.
Para smartphones, o que a MediaTek tem a oferecer para os fabricantes brasileiros, segundo Mestechkin, é um modelo de negócios que se baseia em entregar uma plataforma semipronta, faltando apenas a personalização de especificações e de software. Com as soluções turnkey, a empresa acredita que consegue fazer os clientes economizarem com pesquisas e desenvolvimento ao eliminar a redundância de investimento para cada novo handset, além de reduzir o time-to-maket.
Recursos avançados
A ideia é aproveitar o crescente mercado de smartphones de entrada, visando as classes C e D com aparelhos mais baratos, agora beneficiados pela Lei do Bem, mas também procurando oferecer as melhores especificações possíveis com base no modelo de chipsets pré-desenvolvidos da MediaTek, entregando sistemas com conexões Bluetooth, Wi-Fi, EDGE (2G) e WCDMA (3G); foco no Android; e com experiências multimídia comparáveis àquela de aparelhos de ponta. "Quando se olha para outras plataformas, você vê características high-end, como multidisparo de 16 vezes, alto alcance dinâmico, estabilizador de imagem – já temos isso em nossa plataforma", diz o gerente geral da MediaTek, Finbarr Moynihan, citando funcionalidades de câmeras para os devices.
Ele diz que o mesmo esquema de chipsets também acaba sendo aproveitado por fabricantes para montar tablets, embora não seja o foco principal. "Eles também possuem processador dual-core de 1 GHz e suporte para vídeo 1080p, mas o foco é mais no segmento que inclui conectividade 2G e 3G", explica Moynihan. "Queremos diminuir barreiras para trazer um time-to-market mais rápido e continuamos a melhorar isso. Trazemos uma experiência high-end e é isso que fazemos em nosso roadmap, não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro", completa Russ Mestechkin.