A Viasat revelou a ocorrência de "eventos inesperados" com o refletor do satélite ViaSat-3 Americas que podem impactar materialmente o desempenho do artefato – lançado pela operadora norte-americana no final de abril.
A anomalia foi confirmada na noite da última quarta-feira, 12. Ao divulgar a existência do problema durante a implementação do refletor, a Viasat também sinalizou que ainda avalia o impacto e possíveis medidas de mitigação ao lado da fabricante (não nomeada) do componente.
"Estamos desapontados com os desenvolvimentos recentes", resumiu o CEO da empresa, Mark Dankberg, em comunicado onde destacou foco na resolução do problema. De acordo com a satelital, planos de contingência também estão sendo refinados para minimizar o efeito econômico da anomalia sobre a Viasat.
As opções potenciais incluem a reimplantação de satélites da frota da empresa para otimizar a cobertura global e/ou a realocação de um satélite subsequente da classe ViaSat-3, para fornecer largura de banda Ka adicional nas Américas. Os próximos elementos da constelação deveriam cobrir África/Oriente Médio e Ásia-Pacífico.
Segundo apurou TELETIME, tais indicações apontam que a falha pode ter sido grave. Como a empresa está cogitando colocar outro satélite no lugar do que sofreu a anomalia, é possível que o comprometimento seja de 50% da capacidade de mais de 1 Tbps, ou mais. O refletor do ViaSat-3 deveria ser implantado por meio de uma espécie de braço longo, como aponta a imagem.
O ViaSat-3 Americas é parte importante da estratégia comercial da Viasat na região, com início das operação até então previsto para este segundo semestre. Com o recurso, a empresa pretende multiplicar a capacidade disponível nas Américas, inclusive no Brasil, até para fazer frente a novos competidores no segmento de banda larga residencial via satélite.
Dessa forma, a anomalia anunciada teve reflexos nas ações da operadora satelital, listada na Nasdaq. Papeis que eram negociados a US$ 44 na última quarta-feira despencaram para US$ 30 na última quinta-feira, 13. Nesta sexta-feira, as ações da Viasat eram cotadas a US$ 31.
A empresa, contudo, sublinha que nenhuma disrupção de serviços para clientes atuais está prevista por conta da ocorrência. Após a aquisição da Inmarsat, a Viasat passou a somar 12 satélites de banda Ka no espaço, excluindo o ViaSat-3, além de ter outros oito artefatos em construção.
Vale lembrar que no Brasil, operadora é parceira comercial da Telebras, através do SGDC. A estatal também teria planos de utilizar a capacidade do ViaSat-3 Americas futuramente, para incrementar sua oferta.
O refletor
O satélite lançado no final de abril é considerado pela empresa o maior da história em capacidade de banda larga na órbita geoestacionária, poedendo chegar a 1 Tbps. Na esteira, o refletor do satélite também seria um dos maiores do gênero já enviados pela indústria ao espaço, exercendo papel chave na operação do ViaSat-3 Americas.
"Um refletor gigante ajuda a concentrar a energia em um ponto extremamente pequeno no chão – então quanto maior o refletor, menor o ponto no chão. Isso permite que a Viasat reutilize mais capacidade porque podemos fazer downlink para muitos pontos simultaneamente", explicavam representantes do projeto, ainda em 2022. (Colaborou Samuel Possebon)
As informações da Viasat 3 sobre o problema no satélite de alta capacidade Viasat 3, lançado em Abril deste ano, permitem concluir que está relacionado com a incapacidade de abrir o enorme refletor principal do satélite, o qual é dobrado e preso junto ao corpo do satélite durante a fase de lançamento do artefato.
Sem este refletor, os vários feixes de comunicações na banda Ka (20-30 GHz) que viabilizam a capacidade total de 1 Gbps do satélite, ficam comprometidos.
Segundo a Viasat, o tamanho deste refletor é classificado e não pode ser divulgado. Porém pelo tamanho do braço metálico retrátil (24 a 27m) que o sustenta, o tamanho deste deve ser muito grande.