Ancinav e Lei de Comunicação correm separadas

Foi muito maior do que parece a "freada de arrumação" que o governo decidiu dar na questão da futura Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual. Foi, praticamente, uma mudança de veículo. A proposta de transformar a Ancine em Ancinav segue para o Congresso no início da legislatura de 2005, após a reunião (a ser marcada) do Conselho Superior do Cinema, mas com mudanças: mais ênfase em fomento (de todo o audiovisual), fiscalização e ainda com aspectos de regulação sobre o setor de cinema e algumas outras áreas, como já funciona hoje a Ancine. Mas não abordará pontos de regulação sobre o setor de radiodifusão e telecomunicações, que são os temas mais polêmicos da proposta da Ancinav. Por outro lado, a orientação tirada da reunião dos ministros e do presidente da República realizada na quinta, 14, é dar ao setor audiovisual condições efetivas de ser incentivado: ou seja, se os recursos para isso vierem do próprio setor, serão dadas vantagens fiscais compensatórias. Outra possibilidade é criar recursos orçamentários do governo para o audiovisual, o que minimizaria aumentos na Condecine, a contribuição paga atualmente pelo setor audiovisual.

lei Geral de Comunicação

Simultaneamente, todos os ministérios passam a discutir, em um "tempo político mais adequado", a Lei Geral de Comunicação. Ressalte-se que essa necessidade foi manifestada explicitamente pelo presidente da República e pelo Ministério da Fazenda, que consideram a etapa necessária para que se crie um ambiente normativo efetivo para a comunicação, sobretudo quando se deseja tratá-la como um setor econômico estratégico. Nessa lei é que serão estabelecidas as normas e quais agentes reguladores atuarão sobre o setor de radiodifusão e telecomunicações no que se refere à sua dinâmica econômica, a aspectos típicos de comunicação social e ao conteúdo. Provavelmente, o governo trabalhará para que a agência responsável por fazer cumprir o que a Lei de Comunicação determinar seja a Ancinav, evitando assim a Anatel, onde os radiodifusores não querem estar.

Notícias relacionadas
Mas não haveria, então, risco de que essa nova estratégia pare apenas na primeira etapa, ou seja, em uma Ancinav sem poderes sobre a TV e as telecomunicações? É uma possibilidade possível, avaliam fontes ouvidas por esse noticiário, mas deve-se considerar que os grupos de comunicação desejam regras balizando as empresas de telecomunicações sobre a comunicação social. Além disso, a intenção de levar essa legislação adiante é do presidente com aval de nove ministérios. Todos concordam com a necessidade de regular o setor de comunicação.
A disputa será para colocar a própria TV no meio do bolo.
A Lei de Comunicação virá depois, em um segundo momento, sem pressa. Pode-se entender esse momento como um recuo estratégico. Fato é que com uma legislação mais ampla para a comunicação, o debate deve sair da forma e deve ir para o mérito das propostas.
De qualquer forma, a Ancinav deixou de ser um trabalho apenas do MinC e da Casa Civil, assim como a lei de comunicação não deve ser um trabalho só do Minicom. Agora, muitos ministérios participarão do processo, com destaque para o envolvimento da Fazenda, o que surpreendeu inclusive outros membros do governo. Com mais gente discutindo o processo tende a ser mais lento e complexo. Aparentemente, os grupos do setor de radiodifusão e telecomunicações contrários à Ancinav ganharam tempo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!