UHD e migração para IP ainda representam desafios para TVs

Durante a IBC 2015, que acontece até o próximo dia 15, em Amsterdã, na exposição de equipamentos e nos debates do congresso entre CTOs de empresas de tecnologia dois temas se destacaram. De um lado, a ultra alta-definição (UHD) e suas variações (4K, 8K e processamento de imagens com HDR – High Dynamic Range). Do outro lado, o back-office, a infraestrutura, cada vez mais centrada em IP, elementos virtuais e em processamento em cloud. São dois processos que impõem desafios distintos para as emissoras de TV, canais de TV paga e empresas de infraestrutura.

Na parte da alta definição, começou a corrida já esperada, com os japoneses da NHK anunciando o início das transmissões experimentais em 8k no ano que vem com vistas ao lançamento comercial nas Olimpíadas de Tóquio em 2020. A NHK sempre liderou o processo de adoção de padrões de alta definição, e agora trabalha para "tirar leite de pedra", já que a ampliação da definição terá que vir sem o aumento da fatia de espectro aberto destinado à emissora. Por isso a maior parte dos analistas aposta que as transmissões em 4K e, sobretudo, em 8K, só virão por meio de redes IP e de satélite, e não na radiodifusão aberta. E, na verdade, as operações que de fato existem em UHD, como o canal BT Sport, Netflix, Amazon etc., são todos transmitidos em meios confinados, o que mostra que a radiodifusão, até agora, está fora do jogo.

Mas não existe uma clareza de qual o sentido da UHD, seja no aspecto técnico que defina UHD (já que há variações de frame rate, métodos de compressão e profundidade de cor), ou no aspecto comercial.

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Para o CTO da Discovery, John Honeycutt, a discussão vai além de resolução. "HDR é um novo componente importante que tem que ser considerado, e temos ainda uma discussão de framerate. Eu acho que 24 quadros por segundo (fps) não é bom para UHD. Tem que ser de 60, 120 fps, preferencialmente, mas isso significa muito mais banda. Uma imagem 4K com HDR tem um resultado melhor do que 8K. Nosso negócio não é vender aparelho de TV, eu vendo uma experiência".

Na mesma linha de análise vai o CTO da BBC, Mathew Postgate. "É preciso pensar naquilo que faz mais diferença para as pessoas, se é 8K ou se é HDR, porque o espectro é limitado". E, é claro, a indústria ainda aguarda uma padronização do UHD e do uso do HDR.

Transmissões comerciais em UHD

DataOperação
Novembro/2013SK Telecom (IPTV)
Fevereiro/2014Netflix (OTT)
Junho/2014Wasu (OTT)
Julho/2014Amazon (OTT)
Setembro/2014KT (IPTV)
Outubro/2014NTT (IPTV)
Dezembro/2014Sky TV e DirecTV (US) (DTH)
Março/2015Sky Perfect (DTH)

Fonte: Sony Pictures.

Tudo por IP

Outra tendência consolidada é o uso do protocolo IP entre os equipamentos de produção e pós-produção de vídeo, em lugar da comunicação por SDI (Serial Digital Interface) tradicional, limitada para processamento sem perdas de sinais UHD. Só que esse é um mundo novo para as emissoras de TV, e é onde o casamento com o universo das empresas de TI e telecomunicações está se dando com mais intensidade. Uma das principais constatações da IBC 2015 é que faltam profissionais com conhecimento no universo de TV e no universo de roteamento e redes IP, sem falar em soluções de processamento e armazenamento em nuvem.

Para Ulf Ewaldsson, CTO da Ericsson e que, curiosamente, participa este ano de sua primeira IBC, com a convergência entre o IP e a produção audiovisual, constata-se uma fragmentação ainda maior de padrões e procedimentos, a exemplo do que aconteceu quando as telecomunicações foram inundadas pelo IP. "Mas, à medida que as indústrias convergem, a fragmentação deve diminuir porque são várias pessoas que estão trabalhando contra essa fragmentação. O processamento em nuvem e o transporte de dados por IP é uma realidade para qualquer indústria, não só para a TV. Há muita gente pensando nesses problemas ao mesmo tempo", diz Ewaldsson.

Globo testa unidade IP

Durante a IBC 2015, a Sony anunciou que testará juntamente com a Globo, durante as Olimpíadas do Rio, uma unidade móvel 4K inteiramente IP. Segundo apurou este noticiário, esse será um dos principais passos da Globo para conhecer a realidade dos equipamentos IP, mas será apenas um teste, visando entender os problemas para o futuro.

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