O debate regulatório ainda esteve presente no último dia da NCTA Cable 2010, realizada esta semana, em Los Angeles. O evento congrega a indústria de TV por assinatura nos EUA, que não por acaso é a principal indústria provedora de banda larga. Julius Genachowski, chairman da FCC, esteve na sessão de encerramento do evento para defender o plano de banda larga e acalmar o mercado em relação à crescente preocupação de que a FCC possa atuar na regulação de preços de banda larga e no compartilhamento de redes em função do novo tratamento regulatório que a FCC deve adotar para a Internet. A mensagem de Genachowski foi clara: não haverá regulação de preço nem medidas que forcem o compartilhamento das redes.
Mas isso não quer dizer que a FCC recuará nas medidas que vem tomando para assegurar a neutralidade de redes.
Genachowski também disse acreditar que a televisão será uma ferramenta importante para dar acesso à Internet sobretudo às pessoas que não têm computador. Hoje, 25% dos lares dos EUA não têm um PC, e a FCC acredita que de alguma forma os set-tops de TV podem cumprir um papel em conectar estes domicílios. "Além disso, está ficando claro que as pessoas precisarão conectar seus dispositivos, inclusive a TV, à banda larga", disse o presidente da FCC.
Sobre a polêmica de como enquadrar a Internet no espectro regulatório atual, Genachowski reiterou que está apenas reestabelecendo as bases legais para que políticas que garantam uma Internet aberta e segura possam ser implementadas. "A decisão da Justiça na disputa com a Comcast não questionou o que estávamos fazendo, mas abalou as bases jurídicas de nossas ações, e por isso estamos reenquadrando a Internet como um serviço de telecomunicações". O presidente da FCC também destacou a importância dos operadores de TV a cabo na difusão da banda larga e assegurou que essa história será levada em consideração em qualquer atuação regulatória.
Sobre a questão das políticas de neutralidade de redes, a FCC foi questionada durante o debate sobre o risco de estar pendendo as decisões apenas em favor de um dos lados do problema, no caso, em favor do Google e de outros provedores de conteúdos que têm provocado o órgão regulador a se posicionar. Genachowski disse que a regulação da neutralidade de rede não diz respeito a Google, Amazon ou eBay, "mas sim a todos os conteúdos e serviços que poderão surgir na Internet no futuro". Os operadores de cabo dos EUA criticam a FCC por exigir que as redes de banda larga sejam neutras em relação aos conteúdos de Internet.