Automação é essencial para viabilizar as redes abertas

As redes ópticas estão se afastando cada vez mais dos sistemas fechados, nos quais todos os elementos são oferecidos por um único fornecedor de equipamento, em direção a ambientes abertos baseados no interfuncionamento de dispositivos de vários fornecedores. Com este objetivo, a abordagem mais comum para a desagregação óptica é separar os motores ópticos (transponders ou plugáveis ópticos coerentes) do sistema de linha, ou seja, instalar sinais ópticos de um ou vários fornecedores sobre um sistema de linha de um fornecedor diferente. Em um ambiente competitivo no qual os fornecedores continuam trazendo os melhores motores ópticos para o mercado, a desagregação permite que as operadoras introduzam inovações em suas redes com mais rapidez.

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A rede aberta também oferece acesso a uma escolha mais ampla de soluções e reduz o risco da cadeia de fornecimento e de problemas de qualidade. Os resultados são uma melhora na economia de rede e na continuidade de negócios, levando a um aumento da competitividade. E as operadoras reconhecem seu valor, o que se comprovou em uma pesquisa recente, na qual se constatou que metade dos entrevistados já implementa sistemas de linha aberta com transponders desagregados ou planeja fazê-lo durante 2023.

Mas embora as operadoras estejam ansiosas para desagregar suas redes, elas precisam continuar a operá-las de forma holística. Por isso, a rede aberta é mais do que a interoperabilidade do dispositivo físico, já que requerem um sistema de gerenciamento e controle independente de quem são os fornecedores de equipamento, atuando como uma "cola" para redes desagregadas.

Por esta razão, as operadoras estão mais conscientes do que nunca sobre o papel desempenhado pela automação na evolução da rede – a mesma pesquisa mostrou que 93% consideram a automação como sendo crítica ou importante para o seu sucesso, pois é fundamental para manter a experiência operacional  de uma rede fechada à medida que as operadoras abrem suas redes e implementam uma variedade de ópticas coerentes de diversos fornecedores sobre qualquer sistema de linha, mudando a forma como as redes são pensadas.

Estabelecendo bases para uma rede aberta eficaz

Uma rede óptica aberta exige um sistema de controle capaz de interligar todos os seus elementos de vários fornecedores de maneira uniforme; compreender a topologia, a conectividade e o status, assim como gerenciar serviços de ponta a ponta. Esse software depende da existência de uma arquitetura de controle de referência, bem como de APIs e modelos de dados abertos padronizados, que são as estruturas que os órgãos de padronização e as instituições do setor vêm desenvolvendo para permitir uma ampla adoção de redes abertas. Eles incluem:

Este conjunto de trabalhos estabelece as bases de redes ópticas abertas eficazes. Além disso, entidades como a OIF e a TIP OOPT contribuem fortemente para o avanço da rede aberta. Estas instituições promovem desenvolvimento em comunidade, priorizam os principais casos de uso e definem os requisitos de interoperabilidade. Como exemplo, a TIP recentemente concedeu ao GX G42 da Infinera uma condecoração de Bronze pela conformidade com a APIs abertas. Elas também realizam testes de interoperabilidade de múltiplos fornecedores, reunindo parceiros de tecnologia, demonstrando a conformidade dos produtos e, por fim, aumentando a confiança em redes abertas.

Migração de óptica coerente e rede aberta

Um aspecto paralelo da rede óptica aberta ganhando força é o IP sobre DWDM (IPoDWDM) e a migração de uma óptica coerente para plugáveis hospedados em plataformas de transporte óptico não tradicionais – roteadores, switches, servidores e até mesmo unidades de rádio. Novos desafios surgem na operação dessas redes e, novamente, os controladores de software são fundamentais para superá-los. O objetivo é o funcionamento sem descontinuidades e a operação uniforme das redes subjacentes, independentemente da plataforma na qual os plugáveis estão equipados.

Outro fator importante diz respeito à arquitetura de controle do IPoDWDM. A gestão de plugáveis ópticos coerentes deve ser feita por meio do controlador óptico, ser integrado no controlador IP ou deve haver uma abordagem de gerenciamento duplo? Além disso, à medida que os plugáveis coerentes se tornam sistemas completos em um plugável que pode expor uma abundância de dados de monitoramento e implementar funcionalidades complexas, seu gerenciamento e interfaces precisam ser repensados.

Mais uma vez, as iniciativas da indústria vêm em socorro: TIP OOPT e Open XR Forum, nas quais fornecedores de plugáveis ópticos coerentes, controladores, equipamentos IP e DWDM, operadores e integradores de sistemas estão sentados à mesma mesa, discutindo estes desafios e propondo caminhos a seguir.

Possibilitando automação em larga escala

É importante ressaltar que o trabalho da indústria para viabilizar as redes abertas também abrange uma visão mais ampla da automação. As estruturas mencionadas acima garantem não apenas suporte à configuração de redes de múltiplos fornecedores, mas também incluem modelagem de estados operacionais, possibilitando uma telemetria avançada de fluxo contínuo e acesso a dados de redes de múltiplos fornecedores por aplicativos analíticos. Esses aplicativos de processamento de dados, baseados em algoritmos clássicos ou em técnicas de Machine Learning, correlacionam dados, encontram tendências e extraem insights de rede valiosos e acionáveis, que asseguram uma operação mais eficiente e dão suporte à tomada de decisões mais qualificadas.

O streaming de telemetria e a analítica avançada já são utilizados hoje para diagnósticos das redes, melhorando a solução de problemas e fornecendo previsões para prevenir proativamente futuras ocorrências. Eventualmente, a telemetria e a análise de grande volume de dados oferecerão prescrições para uma verdadeira operação de rede totalmente automatizada e orientada aos dados. As soluções de software e automação que implementam recomendações e padrões da indústria para redes ópticas abertas não estão apenas apoiando a evolução para a abertura da rede, mas também uma nova visão de rede.

O fato é que a compreensão desses ecossistemas abertos está aumentando a cada dia, com softwares e soluções de automação que atuam de forma independente do fornecedor de equipamento e que agora estão se tornando disponíveis com base no conjunto de trabalho acumulado pela indústria são plataformas sólidas sobre as quais é possível construir aplicações analíticas para ajudar a operar futuras redes. Desta forma, as operadoras podem optar por iniciar taticamente, implementar provas de conceito e, em seguida, progredir para implementações em pequena escala, enquanto continuam acompanhando a evolução dos padrões e os avanços do setor. Mas agora é o momento abraçar as soluções abertas e alavancar as soluções de software que não apenas unem as redes, mas podem levá-las ao próximo nível de evolução.

* – Sobre o Autor: Andres Madero é CTO América Latina e Caribe da Infinera. As opiniões expressas nesse artigo não necessariamente representam o ponto de vista de TELETIME.

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