A ampliação do acesso digital deve exigir um papel ativo do governo no estímulo à demanda. Essa é a tese defendida pela Oliver Wyman, empresa internacional de consultoria em estratégia e gestão, representada no Painel Telebrasil Summit 2023 por Felipe Hildebrand, seu sócio de Communication, Media and Technology.
A empresa destacou os avanços do Brasil nos últimos anos no que diz respeito à qualidade da Internet, tanto em questão de velocidade quanto de penetração. No entanto, ainda há uma grande diferença no acesso para as diferentes classes sociais.
As classes mais vulneráveis, C e D, atualmente são as mais atingidas pela divisão digital, nota Hildebrand. Mas, ao contrário do que se imagina logo de cara, a infraestrutura já não é mais o maior desafio para a massificação da banda larga.
Para a companhia, os principais limitadores da inclusão digital hoje, na verdade, são preço e alfabetização digital. A solução para a questão, segundo eles, encontra-se em aspectos mais práticos, como redução da carga tributária, mas também em ações para a promoção da alfabetização digital, assim como medidas do governo que viabilizem o acesso econômico aos serviços, como um modelo de subsídios e descontos nos preços.
"O preço e a alfabetização digital são os principais ofensores da inclusão digital e o setor já opera em níveis de preços competitivos econômicos", defendeu Hilderbrand. Em sua opinião, as operadoras precisarão, portanto, da ajuda do estímulo do governo à demanda "associado ao que ele já vem executando".
A empresa também apontou que o setor de telecomunicações tem perdido receitas, já que quando se olha o ticket médio do consumidor, descontada a inflação, há uma diminuição de 21% desde 2012, acompanhado de um aumento de tráfego de 25 vezes e uma queda de rentabilidade de 24% desde 2011, batendo hoje em um retorno financeiro de apenas 8,1%.
