Para Qualcomm, uso de LTE na Índia pode viabilizar operação em TDD em outros países

Nem bem a Anatel aprovou o novo desenho para a faixa de 2,5 GHz, de olho na quarta geração da telefonia celular (4G), e operadores, fabricantes e empresas de tecnologia já voltaram sua atenção para outra faixa de radiofrequência: a de 2,3 GHz. Usada no Brasil pela radiodifusão em links fixos e móveis (como transmissões ao vivo), essa fatia do espetro foi leiloada recentemente na Índia para a telefonia móvel. E a operação pode servir de termômetro sobre a viabilidade – e, principalmente, a capacidade de geração de escala – da comercialização de equipamentos LTE (Long Term Evolution), o famoso 4G, com infraestrutura em TDD.
Por ora, o Brasil aposta no LTE em FDD, pois as operadoras móveis locais possuem redes nesse sentido. Mas a Qualcomm, líder em desenvolvimento de soluções móveis no mundo, vê com bons olhos a exploração de outras faixas também, mesmo que elas sejam em TDD como o caso indiano. Para o vice-presidente sênior de Relações Governamentais da empresa, Willian Bold, a operação na Índia funcionará como uma espécie de laboratório para os equipamentos de LTE em TDD e pode abrir as portas para a destinação da faixa de 2,3 GHz à telefonia móvel em outros países.
"As pessoas costumam associar o TDD ao WiMAX, mas as empresas terão como escolher as tecnologias. A Índia ofereceu a faixa de 2,3 GHz toda em TDD e nós pretendemos usar esse mercado como uma base de testes para o LTE em TDD", afirmou o executivo nesta quinta-feira, 12, em passagem por Brasília. A própria Qualcomm foi uma das compradoras de faixa no leilão indiano, mas não será ela a operadora do serviço. Bold esclareceu que a oferta se dará com parcerias com operadoras locais. "Em geral, somos muito otimistas sobre o desenvolvimento do LTE em TDD", complementou.

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Aposta no Brasil
Apesar da nova perspectiva para o mercado de 4G, a aposta no Brasil continua sendo nas redes de LTE em FDD, simplesmente porque as estruturas em operação já utilizam essa base tecnológica. Segundo diretor sênior de Relações Governamentais da Qualcomm, Francisco Giacomini, a configuração de uma rede "mista" de equipamentos em FDD e TDD é tecnicamente viável, mas pode custar bem mais caro à operadora que aderir a esse modelo de negócio.
As duas operações em funcionamento de LTE no mundo, na Suécia e na Noruega, possuem redes em FDD na faixa de 2,6 GHz, confirmando as previsões originais do mercado. Mas a crescente evolução dos terminais, que se tornaram multiband nos últimos anos, mantém abertas as perspectivas de que diversas faixas possam ser utilizadas para a quarta geração e não apenas o 2,5 GHz recentemente redistribuído no Brasil. Vale lembrar que a faixa reorganizada pela Anatel inclui as frequências em 2,6 GHz, utilizadas pelos países europeus para o 4G.
Esse alinhamento com o cenário europeu foi elogiado pelos executivos da Qualcomm. "Nossa projeção para o futuro é que haverá uma demanda incrível por dados. E a decisão da Anatel ajuda muito, deixando o 2,5 GHz disponível para atender essa demanda", avalia Bold. A perspectiva é que os serviços de 3G atinjam a casa de 50% de toda a operação móvel no mundo. Com relação à Internet, a aposta é sem dúvida na multiplicação dos acessos móveis "em LTE, WiMAX ou outras tecnologias", frisa o executivo.
Futuro
A equipe da Qualcomm evitou comentar parcerias futuras com operadores de telefonia móvel no Brasil para a implantação de LTE, nem mesmo de uma eventual participação no leilão dentro de um consórcio com outras empresas, como ocorreu na Índia. "Falamos com os operadores o tempo todo. Estamos muito próximos das empresas. Mas, não há tratativas hoje para participação de consórcios ou qualquer coisa desse tipo", afirmou o vice-presidente.
Além das apostas em 2,3 GHz e 2,5 GHz/2,6 GHz, a Qualcomm vê boas perspectivas de uso da faixa de 450 MHz para a expansão da banda larga móvel no mundo. A faixa de 3,5 GHz, no entanto, não faz parte das projeções de curto prazo da empresa, que acredita no uso mais amplo dessa fatia do espectro após a exploração de faixas mais baixas. De qualquer forma, as perspectivas da companhia para o 4G são bastante positivas. A empresa acredita que mais de 20 operações em LTE serão viabilizadas a partir do próximo ano em todo o mundo. O cenário foi projetado com base nos planos de 80 empresas que hoje atuam em 33 países.

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