Nascemos como o maior ISP do País, afirmam Vero e Americanet após fusão

Fabiano Ferreira, da Vero, e Lincoln Oliveira, da Americanet

A combinação de negócios entre Vero e Americanet anunciada ao mercado na última terça-feira deve resultar no maior provedor independente de telecomunicações do País, afirma a dupla – que tem na mira a expansão geográfica, a continuidade da trilha de aquisições e o crescimento em outros segmentos como o mercado móvel e o B2B.

Na manhã desta quarta-feira, 12, detalhes sobre a nova empresa – que ainda não tem marca definida – foram divulgados pelo CEO e fundador da Americanet, Lincoln Oliveira, e pelo CEO da Vero, Fabiano Ferreira. Ambos classificaram o fruto da transação como o maior ISP do País em termos financeiros e de clientes, com presença em 450 cidades das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Atuais acionistas da Vero ficarão com 56% do negócio combinado e os da Americanet, com 44%.

No caso dos assinantes, a fusão resulta em cerca de 1,9 milhão de unidades geradoras de receitas (UGR). O número considera os 1,4 milhão de clientes combinados na banda larga e também acessos da Americanet em telefonia móvel (cerca de 170 mil assinantes no modelo de MVNO), TV por assinatura e telefonia fixa (cerca de 300 mil), incluindo no segmento B2B, de onde a empresa paulista é egressa.

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A dupla soma ainda faturamento combinado de R$ 1,7 bilhão nos últimos doze meses, com perspectiva de números maiores ao final de 2023. O Ebitda rondaria os R$ 700 milhões, afirmou Fabiano Ferreira – apontando uma diferença de 15% para a segunda ISP no quesito. Já em rentabilidade (na métrica Ebtida menos capex), o resultado da seria o dobro da segunda provedora independente do mercado, segundo o executivo.

A Vero e a Americanet também esperam começar a capturar sinergias relevantes com o negócio a partir de 2025, estimadas em R$ 250 milhões em geração de caixa anual naquele ano e com aceleração nos exercícios seguintes. Para o processo de integração, uma consultoria já foi contratada e deve ter o nome divulgado em breve.

Consolidação

Vale lembrar que a enquanto a Americanet tem 27 anos de história e trajetória ampla de M&As, a Vero é nascida de movimento de consolidação entre oito provedores regionais de Minas Gerais em 2019, sendo também uma compradora serial. Juntas, as duas empresas já realizaram uma trilha de 48 aquisições de provedores ao longo dos anos.

Na conversa com jornalistas nesta quarta-feira, Ferreira e Oliveira revelaram que o crescimento inorgânico, através de aquisições, seguirá como parte da estratégia. "Vemos oportunidades no Brasil todo, seja como M&A ou crescimento orgânico", afirmou Ferreira – garantindo também que a empresa não se preocupa em ultrapassar, em algum momento, a limitação de 5% de market share para enquadramento como prestadora de pequeno porte (PPP) na banda larga.

Ainda segundo o executivo, já há um panorama de 500 cidades com potencial de ingresso pela combinação da Vero e da Americanet, além da possibilidade de expansão com ajuda de redes neutras e nas 450 cidades onde o novo grupo já atua.

Financiamento

Para seguir com a estratégia, a dupla avalia algumas alternativas para fontes de financiamento. O interesse em um IPO (algo já tentado pela Vero) segue vivo, mas não seria o plano A e segue dependendo de fatores conjunturais. A emissão de dívida e até mesmo a chegada de um novo sócio investidor foram outras alternativas citadas pelo comando da nova empresa como possibilidades, além das próprias sinergias.

Neste caso, as oportunidades de captura passam por cross-selling incluindo móvel e B2B, eficiência de gastos operacionais, investimentos e ganhos com economia de escala. Do ponto de vista da força de trabalho, a empresa terá combinada 3,5 mil funcionários, mas com muito pouca sobreposição de cargos, segundo Lincoln Oliveira.

"Nós temos modelo de mais terceirização e a Vero tem modelo de pessoas internalizadas. Até nisso as empresas se combinaram", afirmou o executivo da empresa paulista. Do ponto de vista de infraestrutura, uma "sobreposição zero" de redes entre as empresas foi destacada, indicando a complementaridade esperada entre os negócios.

Arranjo

Fabiano Ferreira será o CEO da companhia combinada, que ainda depende de aprovação do Cade e da Anatel (processo que pode levar de três a seis meses, estimam as empresas). Já Lincoln Oliveira será presidente do conselho de administração da operadora após a troca de ações prevista na transação.

Na configuração do negócio, os acionistas da Vero terão 56% da nova empresa e cinco das nove cadeiras no conselho. Já os da Americanet terão 44% de participação e quatro assentos do conselho. Os fundos de investimento Vinci Partners, que controla a Vero, e a Warburg Pincus e Invest Tech, acionistas da Americanet, compartilharão o controle. Lincoln Oliveira e o grupo dos provedores originais que formaram a Vero também seguem como acionistas. Veja abaixo a estrutura detalhada:

  • Vinci Partners: 36,2%
  • Warburg Pincus: 22,2%
  • Lincoln Oliveira: 8,4%
  • Invest TECH: 7,1%
  • Acionistas minoritários e outros: 26,1%

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