Para operadoras, é preciso rever modelos para viabilizar novos serviços

A universalização da banda larga passará necessariamente pelo acesso à banda larga móvel, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, na visão de painelistas durante a Futurecom 2012 nesta quarta-feira, 10, no Rio de Janeiro. No entanto, durante o debate “Banda larga e inovação promovendo o desenvolvimento de negócios”, a necessidade de alavancas para proporcionar a infraestrutura capaz de suprir a demanda foi a principal queixa das operadoras.

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Para o presidente da Oi, Francisco Valim, a expectativa do consumidor de contar com a mesma experiência de Internet no fixo e no móvel é irreal. “Pessoas acreditam que a rede móvel vai ser como a banda larga doméstica, mas é muito diferente e assumir isso é um erro por definição”, pontuou. Ele diz que não se deve descartar a infraestrutura com fios, até por ela ser necessária para a conexão em antenas, e que o exemplo de incentivo à construção de redes nos Estados Unidos deveria ser seguido pelo Brasil. “Precisamos de um plano em termos mais longos e gerar consistência”, diz.
Essa experiência norte-americana foi mostrada pelo diretor da Federal Communications Commission (FCC), Julius Genachowski. Hoje, os EUA são o maior mercado do mundo em 4G, com 70% de todos os acessos LTE.

“Modernizamos a regulamentação, atualizando a área de banda larga, removendo barreiras, resolvendo a complexidade como neutralidade de rede e focando em espectro”, afirmou Genachowski, lembrando que colocar em ação políticas para liberar frequências “não é algo que se possa fazer do dia para noite”. Por isso mesmo, ele cita tecnologias como small cells para melhorar a cobertura e melhorar a eficiência espectral. Embora ele elogie a “empolgação de investidores estrangeiros com o Brasil, ele diz que a confiança do mercado interno poderá diminuir se houver medidas de controle de mercado.

Na Europa, o prospecto atual é bom, segundo Franco Bernabè, diretor da GSMA e CEO da Telecom Italia, mas o futuro pode não estar alinhado com países de ponta como a Coreia do Sul, Japão e EUA. “Esta primeira onda está boa, mas o problema é a próxima geração de Internet com a ultra banda larga, com velocidades entre 50 Mbps e 100 Mbps”, afirma. A pouca margem de lucro para poder investir em infraestrutura é uma das queixas. “Nessa área, o problema é a regulamentação europeia, muito severa, favorecendo o declínio dos preços em vez do aumento de acessos, focando uma política de competitividade”, declara Bernabè.

O presidente da Ericsson para a América Latina, Sérgio Quiroga, acredita que as metas impostas pela Anatel para a cobertura não ajudam as operadoras. “Acho que precisa ser avaliado se o acesso rural será utilizado tão constantemente: realmente é preciso ter banda larga em algum lugar distante do Amazonas? Não deveria ser obrigado colocar antenas onde não há pessoas”, critica. O vice-presidente da Nokia Siemens para a América Latina, Humberto Cagno, acredita que a disponibilidade da banda larga móvel é necessária, até por questão de competitividade. “É preciso ter conexão estável e disponível, isso vai reduzir os custos e torná-lo mais produtivo”, diz.

Espaço

Queixa recorrente das operadoras de telefonia móvel, a necessidade por mais espectro foi levantada pela diretora da GSMA, Anne Bouverot. Segundo ela, com 500 MHz disponíveis para a banda larga móvel, o País tem metade do espaço necessário para atender à demanda dos próximos anos. Além disso, é preciso verificar as condições geográficas e disponibilizar o espectro para as teles conseguirem atingir o território inteiro. “Cada regulador precisa pensar em como trazer mais espectro para operadoras porque eles precisam investir em redes, desenvolver serviços”, diz. Ela critica também a quantidade de barreiras impostas às companhias. “Eu sei que há 250 diferentes regulamentações no Brasil, dependendo de onde se instala a antena, e acho que isso é muito”, afirma

Além disso, a tarifação é outro problema. De acordo com a GSMA, o Brasil está atrás apenas de Turquia e Ruanda na questão de tarifações. “Operadoras precisam angariar dinheiro para seus programas, mas se quiser que desenvolvam serviços e tenham boa cobertura, é preciso dar condições”.

Anne Bouverot entende que a inovação na América Latina terá como drive o smartphone. Segundo as previsões da organização representante das operadoras, esses aparelhos deverão ser 32% de todos os dispositivos na região em 2014, subindo para 60% em 2018. A diretora da GSMA destaca ainda a tecnologia de comunicação por proximidade de campo (NFC, na sigla em inglês), que ela acredita que já terá grande adoção no Brasil a tempo de ser utilizada amplamente já na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016.

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