Para empresas de conteúdo, ISPs representam oportunidades, mas há complexidades a serem vencidas

Os provedores de banda larga representam uma aposta importante dos programadores de TV por assinatura e provedores de serviços por streaming, mas existem desafios importantes colocados na agenda. Hoje, mais da metade dos cerca de 200 operadores associados à Associação NEO não tem outorgas muito menos opera redes de TV por assinatura (SeAC). O que significa que a distribuição de conteúdos não seja um valor agregado importante a estas empresas. Isso significa que a distribuição em modelos baseados em streaming é essencial, seja na forma de canais lineares agregados a plataformas, seja na forma de apps ou acervos de conteúdos não-lineares.

Em debate realizado durante o Evento NEO 2022, realizado esta semana na cidade do Porto, em Portugal, programadores pontuaram questões que hoje são considerados desafios da indústria: integração, pirataria e adaptação de modelos às demandas dos usuários.

Para Marcello Coutro, SVP Creative, Marketing and Affiliate Relations  da NBC Universal, o consumidor está buscando novas formas de consumir conteúdos e é preciso dialogar com essa realidade. "Mas estes novos formatos trazem imensos desafios tecnológicos. Sempre que eu converso com algum operador sobre as formas de entregar o conteúdo eu preciso também conversar com o nosso time de tecnologia para ver como é possível fazer isso. Hoje o conteúdo precisa dialogar com a tecnologia", diz. Entre os desafios, aponta o executivo, está a necessidade de compartilhamento de dados para melhorar a experiência do usuário.

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Acesso ao usuário

Cícero Aragon, CEO da Box Brazil Media Group e da Container, vai na mesma linha. "Esse esforço de integração é tão complexo que acabamos desenvolvendo a nossa própria plataforma (a Conteiner) justamente para poder facilitar o processo para ISPs e provedores de conteúdo, com base na experiência que tivemos com nosso canais".

Outro dilema que se coloca para programadores é entre oferecer o conteúdo diretamente ao consumidor por meio de apps próprios e fazê-lo em parceria com provedores. "Hoje é possível ir direto ao consumidor, mas é melhor ir em parceria", diz Rogério Francis, VP senior de distribuição e conteúdo da Paramount.

"Os associados da NEO, por exemplo, falam diretamente com 12 milhões de clientes de banda larga, então é muito mais fácil chegar em parceria com esses ISPs", defende Rogério Dellamolle, diretor da NEO. Ele lembra que a NEO está convidando os programadores de canais lineares para agregar os canais a plataformas de streaming de forma mais acessível a diferentes operadores e plataformas.

Para Marcelo Minicz, Gerente Senior de Distribuição da Warner Bros. Discovery, mesmo em um ambiente com crescente oferta de serviços por streaming on-demand, é possível pensar inclusive na ampliação de canais lineares. "As janelas de distribuição são importantes porque atendem a púlicos diferentes, e os canais lineares cumprem esse papel", disse, destacando que todas as formas de empacotamento serão relevantes. 

Mas a indústria passa por um novo ciclo, com a entrada de serviços por streaming e a multiplicação de opções. "Com tantas opções, alguém precisará agregar tudo isso, e voltaremos ao modelo de bundles de serviços, alguns com publicidade e outros premium, exatamente como na origem do mercado de TV paga, provoca Coltro. Para Rogério Francis, contudo, a agilidade dos provedores de Internet deve assegurar que existam vários modelos diferentes de comercialização, e por isso, diz ele, as ofertas dos programadores precisam ser flexíveis.

Pirataria como desafio

Marcelo Minicz, da Warner Bros. Discovery, chama a atenção para um outro fato: o aumento do consumo de conteúdos pagos por meio de "operadoras comunitárias", que é a designação da Kantar Ibope para plataformas que não são necessariamente identificadas. "O número passou de 8% para 49%", diz, o que pode indicar um grande crescimento de pirataria.

Para Francis, as operadoras de banda larga precisam agir de forma consciente em relação à responsabilidade de todos no combate à pirataria, e assegurar o uso de plataformas homologadas com responsabilidade. "Se a chave fica aberta, o conteúdo pode ficar exposto", diz.

Cícero Aragon propõe que a NEO ofereça a seu associados uma espécie de certificação de plataformas para dar mais tranquilidade aos programadores. 

Dellamolle explica que a Associação NEO quer aproveitar a grande capilaridade se seus associados e criar uma grande rede distribuída de CDN, além de estar organizando o comitê técnico para discutir as questões de auditoria, pirataria e integração.

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