O Grupo TIM rebateu nesta segunda-feira, 8, uma série de questionamentos sobre o plano de reestruturação da empresa realizados por representantes do Merlyn Partners, um dos fundos acionistas da operadora.
A resposta foi motivada por falas do engenheiro Umberto Paolucci, membro da chapa do Merlyn para o conselho do Grupo TIM. Em entrevista publicada no último sábado, 6, pelo jornal italiano La Repubblica, Paolucci questionou o plano de reestruturação do grupo e defendeu a implementação de uma nova estratégia, incluindo a venda da TIM Brasil como parte de um projeto de reestruturação radical focado em transformação digital.
Em resposta, a TIM italiana disse ter solicitado ao entrevistado e acionista Merlyn a ratificação de certas "informações intrinsecamente incorretas ou enganosas" que poderiam afetar o preço das ações na Bolsa. No entanto, a empresa não obteve retorno dos acionistas, que têm 0,5% do capital do grupo italiano.
Por isso, a companhia decidiu emitir nota questionando as falas de Paolucci. O conglomerado destaca quatro pontos. Entre eles, que a transação de venda da NetCo, a sua divisão de redes fixas, ter sido confirmada "de forma justa" por bancos independentes e instituições conselheiras estratégicas.
Assim, a companhia destacou que o contrato assinado com consórcio liderado pelo fundo norte-americano KKR é vinculativo, e que atualmente não haveria conhecimento de motivos para atrasos em sua execução. O fechamento da operação é programado para o verão europeu, entre junho e setembro deste ano.
O comunicado lembra, também, do planejamento de iniciativas para enfrentar o cenário adverso até a conclusão da operação, como o empréstimo ponte anunciado na última sexta-feira, no valor de 1,5 bilhão de euros, que visa cobrir as necessidades de financiamento até a venda definitiva da NetCo ao KKR.
Além disso, frisa que a sustentabilidade financeira e industrial do grupo foi "claramente" expressa após a confirmação do negócio da NetCo no comunicado de 6 de março, "com uma alavancagem esperada até 2026 de 1,6-1,7 vezes, não incluindo o potencial de aumento de até 4 bilhões de euros, resultante dos earnouts para a Netco e da possível venda da Sparkle (sua divisão de infraestrutura internacional e cabos submarinos)."
Vale lembrar que, em fevereiro, o Grupo TIM recebeu uma proposta do governo da Itália para a compra de 100% da Sparkle, conforme mostrou o TELETIME.
Os argumentos do Merlyn
Ao questionar a abordagem em execução pelo Grupo TIM, Paolucci – um ex-executivo da Microsoft – defendeu caminho alternativo com a criação de uma TechCo, em uma mudança de rota na companhia a partir do foco em transformação digital e agregação dos setores de TIC, cloud e inteligência artificial.
"Este é um setor que conheço bem e, graças à TechCo, vejo um grande potencial nas ações para o benefício de todos os acionistas que foram penalizados até agora", declarou o executivo. Segundo ele, no período de 24 meses o grupo estaria "reposicionado, com múltiplos maiores que as telcos."
Já sobre a venda das operações brasileiras, já defendidas pelo Merlyn, Paolucci afirmou: "A venda do Brasil e do varejo é uma escolha industrial necessária para investir onde há vantagens competitivas e saída dos negócios que têm menos [vantagens]".
Mas o representante do Merlyn negou que seja contra a administração do atual CEO Pietro Labriola. "Não tenho nada contra o Conselho de Administração, onde há pessoas que conheço e respeito há anos. Simplesmente temos uma visão diferente para a TIM no interesse dos acionistas, que devem estar envolvidos de acordo com um processo de engajamento correto", disse.