Viasat: conexão satélite-celular é para comunicação, e não dados

Leandro Gaunszer, diretor geral da Viasat

[Publicado originalmente no Mobile Time] A comunicação direta de satélite para aparelhos de celular, ou satellite-to-cellular, tem barreiras tecnológicas e, por isso, as ofertas que apareceram até o momento estão muito mais focadas em serviços de geolocalização, chamadas telefônicas e envio de SMS de emergência.

O diretor geral da Viasat no Brasil, Leandro Gaunszer explica: "O nosso time técnico tem avaliado essas questões. Sabemos também de algumas alternativas, mas o que vimos, atualmente, é que essas são soluções – como as próprias operadoras anunciaram – mais focadas em localização do que em comunicação de alta velocidade. São opções para, caso o usuário esteja perdido, mandar uma localização, talvez um SMS para um serviço de emergência. Mas não é um serviço de alta velocidade".

De acordo com o executivo, uma das dificuldades é a necessidade de o celular precisar de uma antena muito grande para receber o sinal do satélite, independente se o satélite é de baixa (LEO) ou média órbita (MEO) – muito menos no caso das órbitas geoestacionárias (GEO) -, e de muita potência para fazer a comunicação com o satélite. Gaunszer deu como exemplo os dispositivos da Iridium, que têm pouca conectividade, mas servem para comunicação e localização, e possuem grandes antenas.

Notícias relacionadas

Interação

A Viasat oferece o serviço de infraestrutura de banda larga móvel via satélite. No México, a companhia fez uma parceria com a Altán, uma operadora que busca cobrir todo o país com parceria com outras companhias. Nesta relação, a empresa de satélite faz o backhaul e a Altán entra com a última milha em LTE para oferta residencial.

"O serviço que oferecemos hoje atende muito bem a uma parte da população. Mas tem uma outra parte que não é atendida por nenhuma solução e buscamos ajudar a universalização da conectividade, principalmente para as classes menos favorecidas. Então, nós temos olhado outras combinações entre satélite e outras tecnologias para chegar a um preço mais atrativo para esse público", explica o diretor geral.

A Viasat segue focando seu trabalho em banda larga via satélite no Brasil. Em especial para segmentos como aviação, óleo e gás, mas também no projeto de conectividade em escolas do governo federal com 25 mil pontos, sendo 20 mil deles em escolas rurais, por meio do programa Gesac e utilizando o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC) da Telebras. No País, a companhia tem 50 mil pontos de conectividade, após crescimento de dois dígitos no ano passado. A operadora satelital também conta com uma série de parceiros privados: entre os principais nomes no Brasil estão Broto, Konnecta, Azul e produtos white label com Telefónica Vivo e Rural Web.

Ano do satélite?

Para 2023, a principal aposta da companhia é o lançamento da constelação de satélites ViaSat 3, que cobrirá as Américas, Europa, África, Ásia e Oceania em velocidade de rede próxima de 1 TB. Gaunszer explicou que a tecnologia focará "muito no norte e centro-oeste do Brasil", onde há o maior gap de pessoas conectadas: "Temos um acordo com a Telebras. E há uma grande expectativa para o serviço de residência e para a parceria", conta.

Embora aposte nessas parcerias e no avanço de duplo dígito da banda larga satelital, o diretor geral explica que a conexão satelital segue como um produto de "nicho" e não deve disputar com os serviços de redes das grandes operadoras, mas, sim, entrar na pauta das empresas.

"O satelital não concorre com fibra e 5G, principalmente em velocidade e custo. Mas, no Brasil, satélite é um nicho grande. Basta ver que outras empresas seguem entrando nisso e o mercado aumenta no geral. Em 2022 já se começou a falar mais, hoje é um pouco 'fancy' (chique, na tradução livre do inglês para o português). Acredito que em 2023 o satélite e a indústria aeroespacial estarão mais em voga. Serão assuntos a serem discutidos entre amigos, em mesa de bar", aposta.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!