O novo plano de recuperação judicial da Oi apresentado nesta terça-feira, 6, prevê a venda da carteira de clientes de banda larga fixa da companhia (a ClientCo) e da fatia da operadora na operadora de infraestrutura V.tal.
Pela unidade produtiva isolada de clientes (UPI) – que soma cerca de 4 milhões de acessos -, a Oi está fixando um preço mínimo de R$ 7,3 bilhões por 100% do ativo. A venda é projetada para 2025 através de processo competitivo e significaria cerca de R$ 1,8 mil por assinante. O perímetro exato do negócio ainda pode ser ajustado ao lado de eventuais compradores.
No caso da V.tal, a participação da Oi na companhia controlada pelo BTG Pactual é de atuais 31%, mas está prevista diluição até 2025 que levará a fatia para 17%. Neste caso, a Oi projeta venda em duas etapas: primeiro de 8,5% em 2025, por R$ 3,7 bilhões; e os demais 8,5% em 2026, por R$ 4,3 bilhões.
Isso totalizaria R$ 8 bilhões pelos 17%, precificando a V.tal em cerca de R$ 47 bilhões, ou perspectiva mais conservadora que os R$ 100 bilhões em valor de mercado outrora cogitados para a empresa. O entendimento é que o valor diminui o risco da operação e o upside em uma venda esperada. A alienação da fatia da Oi na V.tal também ocorreria através de procedimentos competitivos.
"Importante mencionar que a estimativa da Oi, em relação ao valor da ClientCo, considera renegociações contratuais com a V.Tal para a revisão de custos de utilização da infraestrutura de rede neutra, e essas negociações poderão impactar as condições de venda", notou o laudo da consultoria EY, que acompanha o novo plano de recuperação da companhia. A expectativa é que os valores pagos pela Oi pelo uso da rede de fibra da V.tal convirjam para valores de mercado em meio às negociações.
Compensação e dação
Um outro aspecto importante é que o pagamento de parte do preço da UPI da ClientCo poderá ser pago mediante a compensação de créditos extraconcursais eventualmente existentes contra a Oi ou mediante a dação em pagamento de ativos permitidos – notadamente ações de empresas listadas na B3 e de ações do acervo da própria V.tal. Em dinheiro está previsto um pagamento mínimo de R$ 1,8 bilhão pela ClientCo.
No caso da fatia na V.tal, também está prevista a possibilidade mediante dação de pagamento de ativos permitidos, mas apenas ações em bolsa de empresas com market cap superior a R$ 8 bilhões (na ClientCo, o piso é de R$ 7,3 bilhões). Na modalidade, em vez de realizar o pagamento em dinheiro, o pagador transfere a propriedade de um ativo para quitar a obrigação. No caso da Oi, os ativos fruto da dação seriam onerados em favor dos credores.
Ainda são consideradas as vendas de outros ativos pela companhia, incluindo imóveis, bens e participações acionárias. Com os recursos do desinvestimento, a empresa buscará amortizar pagar dívidas existentes e amortizar antecipadamente saldos de novos financiamentos com credores – incluindo o novo financiamento de US$ 650 milhões que a empresa pretende captar no âmbito do novo plano e, se possível, o empréstimo ponte de US$ 125 milhões projetado para financiamento das operações e demais dívidas equacionadas.
Eventuais valores remanescentes também poderão ser investidos em atividades da companhia, sendo R$ 1,8 bilhão previstos no caso dos recursos da ClientCo (veja quadro abaixo). (Matéria atualizada)