SBTVD sugerirá WiMAX como canal de retorno

As futuras redes WiMAX, de transmissão de dados em banda larga sem fio, com cobertura metropolitana, podem servir de canal de retorno para a interatividade dos set-top boxes da TV digital terrestre (TVD). Este foi um dos resultados das pesquisas realizadas pelos consórcios universitários que participam do desenvolvimento do SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital), apresentados nesta segunda, 5, em São Paulo.
A idéia é equipar os set-tops com chips para a transmissão de dados pelas redes wireless, que poderão ser exploradas pelos próprios radiodifusores, em uma faixa próxima ao UHF, ou até por prefeituras e órgãos públicos, em localidades menores. Segundo Luis Fernando Gomes Soares, da PUC-RJ, e Luís Geraldo Meloni, da Unicamp, que fizeram a apresentação, as redes WiMAX têm instalação muito mais baratas que as celulares (cerca de 10% do custo por estação radiobase) e podem atingir mais lares que a telefonia fixa por par trançado (a teledensidade hoje no Brasil é de aproximadamente 28 linhas por cem habitantes).

HD e SD

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Em relação à modulação e ao transporte de vídeo, a proposta do SBTVD vai totalmente ao encontro do que querem as emissoras de TV. A modulação proposta é uma adaptação do COFDM usado pelo padrão japonês (ISDB-T), com codificação MPEG-4, em canais de 6 MHz com 19 Mbps cada, que segundo o pesquisador Marcelo K. Zuffo, da USP, líder do consórcio que desenvolveu o set-top box, permite a transmissão simultânea, no mesmo canal, de sinais em HDTV, SDTV e mobilidade. Segundo Zuffo, o sistema (que será demonstrado ao vivo na USP na próxima sexta-feira) permite, por exemplo, transmitir um sinal de sHDTV (Super High-Definition) a 18 Mbps e mais um sinal móvel de 0,4 Mbps, ou então dois sinais de HDTV convencional, a 9 Mbps cada. Em outra configuração, poderia transmitir, por exemplo, quatro sinais EDTV (Enhanced Definition, qualidade de DVD com 780 linhas) com 5,4 Mbps cada.

Middleware

Em relação à "alma" do sistema, o middleware (que permite o desenvolvimento de aplicativos), o padrão brasileiro será baseado no GEM, com inovações nacionais. Os pesquisadores garantem que a escolha permitirá total interoperabilidade com outros sistemas no mundo. "Qualquer aplicativo feito no Brasil poderá rodar lá fora, e vice-versa", disse Meloni.
O middleware procedural brasileiro (ligado a aplicações não-síncronas, como e-mail e jogos) deve ser batizado de FlexTV ou Open MHP, e é baseado na linguagem Java.
Já no middleware declarativo, sobre o qual são desenvolvidas as aplicações de enhanced-TV, ou seja, combinadas com a programação de vídeo, será adotada a linguagem NCL, que pode até ser adotada pelo padrão europeu. O middleware declarativo foi batizado de Maestro. Foi desenvolvido também um browser próprio, para navegação na internet pela TV, chamado de Jangada.
Ainda este mês, provavelmente no dia 10, as universidades e o CPqD entregam ao grupo gestor do SBTVD e ao Comitê de Desenvolvimento as conclusões sobre a análise técnica e mercadológica. A sugestão do padrão a ser adotado pelo Brasil sai no começo de fevereiro, conforme decreto presidencial, ou antes, conforme a vontade do ministro Hélio Costa.

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